Folha de S.Paulo

Ataque a tiros a equipe da ONU adia visita de inspetores à Síria

Agentes avaliavam segurança para técnicos após ataque químico

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Uma visita de inspetores internacio­nais sobre armas químicas à cidade síria de Duma, palco de um ataque com gás tóxico no início do mês, foi adiada após uma equipe de segurança da ONU ser alvo de tiros no local, na terçafeira (17).

Os agentes das Nações Unidas faziam uma visita de reconhecim­ento a Duma com o objetivo de avaliar a situação e a segurança na região.

A ideia era garantir as condições para uma visita dos técnicos da Organizaçã­o para Proibição de Armas Químicas (Opaq).

A missão da Opaq tem por objetivo descobrir mais detalhes sobre o ataque químico que deixou ao menos 40 pessoas mortas e mais de 500 feridas em 7 de abril.

Segundo as agências de notícias Reuters e AFP, a equipe da ONU foi cercada logo após chegar a Duma e, pouco depois, foi alvo de tiros quando tentava alcançar um dos locais onde teria acontecido o ataque químico.

Graças ao tiroteio, o grupo decidiu, então, deixar o local e retornar a Damasco. Segundo a ONU, nenhuma pessoa ficou ferida na ação.

O embaixador da Síria na ONU havia dito na terça-feira que a missão da Opaq iniciaria seu trabalho nesta quarta se a equipe de segurança consideras­se a situação adequada no local.

Com o ataque a tiros, porém, a visita foi adiada e não tem data para acontecer.

O representa­nte britânico na Opaq, Peter Wilson, afirmou que o diretor da organizaçã­o, Ahmet Üzümcü, disse a ele que os inspetores só irão a Duma quando receberem o sinal verde da ONU de que o local está seguro.

“Ao chegarem ao primeiro local, uma multidão se formou ao redor [da equipe da ONU] e a instrução foi para que a equipe abortasse a ação”, disse Üzümcü em um encontro na sede da agência de observação.

“No segundo local”, ele completou, a equipe foi atacada por tiros e um explosivo foi detonado. Depois disso, a equipe de reconhecim­ento retornou a Damasco”.

Em declaração à imprensa antes de um encontro com representa­ntes do Qatar, o Secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, culpou o governo sírio pelos atrasos sobre a chegada de inspetores aos locais dos ataques químicos.

Ele afirmou ainda que o país tem um longo histórico de “tentar eliminar provas antes da chegada das equipes de investigaç­ão”.

A missão da Opaq foi um pedido das potências ocidentais, que culpam o ditador Bashar al-Assad e a Rússia, sua aliada, pelo ataque químico —Moscou e Damasco, por sua vez, negam envolvimen­to.

Em resposta, os Estados Unidos, a França e o Reino Unido lançaram no último sábado (14, noite de sexta-feira no Brasil) um ataque com mísseis contra instalaçõe­s do governo sírio.

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Omar Sanadiki/Reuters Refugiada síria que fugiu para o Líbano segura retrato do ditador sírio Bashar al-Assad

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