Parente aceita substituir Abilio na presidência do conselho da BRF
Se acordo prosperar, presidente da Petrobras acumulará cargo com o de chefe do colegiado
Acerto foi costurado pelo empresário e tem apoio de adversários; reunião bate o martelo sobre o caso nesta 5ª
A disputa pelo comando da BRF parece ter chegado ao fim. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, aceitou substituir o empresário Abilio Diniz à frente do conselho de administração da líder do mercado de alimentos processados no Brasil.
Ele teve seu nome indicado pelo próprio Abilio, buscando acordo para o impasse, e recebeu apoio tanto de aliados do empresário, como o fundo Tarpon, como de seus adversários, os fundos de pensão Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil).
Em nota, Parente, que permanece presidente da Petrobras, disse que, se sua eleição for confirmada em assembleia de acionistas da BRF no dia 26, renunciará ao comando do conselho da B3, que controla a Bolsa de São Paulo. Ele só pode ocupar uma posição do tipo fora da Petrobras.
O conselho de administração é um colegiado que define as diretrizes de uma empresa de capital aberto e supervisiona sua aplicação. Aprova nomes da direção e convoca assembleias para votar mudanças importantes.
O consenso de acionistas em torno de seu nome era a condição básica de Parente, conforme a Folha apurou.
O martelo deverá ser batido nesta quinta-feira (19) durante reunião do conselho.
A notícia fez a ação da BRF subir 9,51% na Bolsa —foi a R$ 23, ante os R$ 70 que chegou a valer em 2015.
Com isso, o fundo britânico Aberdeen, que tem 5,02% da BRF, retirará seu pedido de voto múltiplo e uma chapa única será apresentada aos acionistas no dia 26. A montagem dessa chapa é o obstáculo para que o acordo prospere, já que há divergências entre acionistas, como a manutenção do presidenteexecutivo da BRF, aliado de Abilio, José Drummond.
O Aberdeen havia feito o pedido na semana passada, obrigando que todos os dez nomes do conselho fossem aprovados individualmente —o que deixaria o grupo de Abilio (ele tem 3,92% da empresa, e o Tarpon tem 7,26%) com dois representantes.
Petros e Previ (22% das ações da empresa) haviam pedido a substituição de Abilio por causa do prejuízo recorde de R$ 1,1 bilhão em 2017. A BRF sofre ameaça de veto à venda de seu frango na Europa como decorrência da Carne Fraca. Houve ainda problemas de gestão que levaram à saída do presidente-executivo da empresa, Pedro Faria.
Os fundos haviam indicado para presidir o colegiado Augusto Cruz, presidente do conselho da BR Distribuidora. Já Abilio tentava emplacar o nome de Luiz Fernando Furlan, herdeiro da Sadia.