Atividade econômica perde fôlego em fevereiro, aponta FGV
Consumo e serviço não deslancham, e só investimentos avançam em relação a janeiro
Indicadores mais fracos que o esperado têm feito economistas reduzir estimativas para o PIB de 2018 DE SÃO PAULO
A economia brasileira cresceu no trimestre encerrado em fevereiro, mas em ritmo mais fraco que no mês anterior, dando sinais de que a recuperação pode estar perdendo fôlego, aponta o monitor do PIB (Produto Interno Bruto) da FGV.
O indicador avançou 0,6% nos três meses até fevereiro, na comparação com o trimestre imediatamente anterior (setembro a novembro).
Em relação ao mesmo período de 2017, a alta foi de 1,7%, desacelerando o crescimento de 2,1% do trimestre encerrado em janeiro.
A taxa mensal de fevereiro registrou ainda queda de 0,3% ante janeiro. Em valores correntes, o PIB acumula R$ 1,1 trilhão em 2018.
“Fevereiro trouxe dado que pode significar que a economia está perdendo fôlego na recuperação que vinha acontecendo. Taxas trimestrais continuam crescendo, mas menos que no trimestre anterior”, diz Claudio Considera, coordenador do monitor.
O consumo das famílias subiu 2,5% no trimestre até fevereiro, ante mesmo período de 2017. Mas, apesar de todos os componentes do indicador terem registrado alta, houve desaceleração em relação à taxa de janeiro (2,7%).
O setor de serviços ficou estável, repetindo a alta trimestral de 1,7% registrada nos três meses até janeiro.
Os dois segmentos são impactados pelo desemprego, que voltou a crescer no trimestre até fevereiro, atingindo 13,1 milhões de brasileiros.
“O desemprego ainda pesa, a taxa não está cedendo, pelo contrário, vimos uma certa mudança de rumo. As famílias estariam comprando mais e demandando mais serviço se houvesse emprego”, diz Considera.
A cautela no consumo das famílias não inibiu os investimentos das empresas.
A formação bruta de capital fixo subiu 4,4% no trimestre encerrado em fevereiro, na comparação anual, puxada pela alta de 17,2% em máquinas e equipamentos.
“Quem mais compra máquina e equipamento são as empresas. Talvez os empresários estejam se preparando para uma nova fase de expansão, imaginando que a economia cresça no padrão que vinha sendo mencionado”, diz Considera. REVISÃO O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) teve pequena expansão em fevereiro, de 0,09%, e analistas vêm revisando para baixo as expectativas para o PIB deste ano.
De acordo com o mais recente boletim Focus, compilação de dados de analistas de mercado reunidos pelo BC, a projeção média é de um crescimento de 2,76%. Há quatro semanas, a expectativa era de uma alta de 2,83%.
A atividade da transformação, que avançou 5,4% no trimestre até fevereiro ante 2017, segurou a indústria, porque todos os demais segmentos caíram, mas o setor ainda conseguiu crescer 1,8%.
A agropecuária também registrou queda, de 1,7%, após treze meses consecutivos de crescimento.
“Não dá para dizer, a partir de fevereiro, que a economia começou a voltar para a recessão. Não é esse o caso. A economia vai crescer neste ano, mas pode não ser esse tanto que estava se esperando entre 2,8% e até 3%”, afirma Considera.