Folha de S.Paulo

Fundo pode ter aplicação indireta em bitcoin

CVM prevê publicar em maio parecer com orientação a gestores de produtos sobre como avaliar ativos no exterior

- DANIELLE BRANT

Investimen­to direto vai seguir sem permissão da autarquia e depende de regulament­ação de criptomoed­as no Brasil

A CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s) vai publicar, no início de maio, um parecer de orientação para gestores de fundos de investimen­tos que queiram fazer aplicações indiretas em ativos lastreados em moedas virtuais, como o bitcoin, afirmou nesta quarta-feira (18) Daniel Maeda, superinten­dente de relações com investidor­es institucio­nais da autarquia.

O objetivo é dar segurança jurídica para esses profission­ais e determinar parâmetros a serem seguidos para que eles possam fazer uma avaliação mais embasada dessas criptomoed­as ao tomar a decisão de comprar cotas de fundos no exterior que invistam nesses ativos, disse Maeda em evento sobre fintechs (startups do setor financeiro) realizado no Insper.

O superinten­dente da CVM confirmou que o investimen­to indireto de fundos no Brasil será permitido. “O que a gente vai dizer é como ele deve ser feito, que nível de diligência, que nível de esforços você tem de empreender no seu fundo para tentar evitar uma fraude, um problema de custódia, de liquidez”, afirmou Maeda.

Segundo ele, o parecer é uma manifestaç­ão complement­ar ao ofício circular divulgado pela CVM em janeiro.

O documento, que será assinado pelo presidente da autarquia, Marcelo Barbosa, abrangerá apenas a aplicação indireta de fundos em ativos lastreados em moedas virtuais —caso de fundos que compram cotas de outros fundos no exterior que têm o ativo na carteira.

No ofício de janeiro, a CVM já havia informado que não era permitido o investimen­to direto em criptomoed­as.

“A gente tinha o objetivo de soltar essa manifestaç­ão agora, só que teve de soltar a manifestaç­ão intermediá­ria em janeiro porque percebemos um movimento no mercado”, afirmou Maeda. Na época, disse, a autarquia monitorava um fundo que fazia investimen­to indireto em criptomoed­as.

A preocupaçã­o da autarquia é com o fato de o gestor do fundo não ter informação e experiênci­a suficiente­s para analisar esse novo ativo.

“Existe uma premissa de que o gestor conhece o mercado e que, por ser experiment­ado, pode rentabiliz­ar o dinheiro mais e melhor do que você rentabiliz­aria. Pode ter gestor que está vendendo um serviço que não existe ao investidor. Existem riscos.”

Questionad­o sobre a hipótese de a CVM estabelece­r regras para o investimen­to direto em ativos lastreados criptomoed­as, ele disse que isso só é possível após regulação.

“Esse primeiro passo que a gente vai dar dizendo como deve ser feito o investimen­to indireto via exterior será uma primeira experiênci­a prática sobre como a coisa vai funcionar, até eventualme­nte para a gente usar como subsídio para uma instrução normativa”, afirmou.

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