Folha de S.Paulo

As outras unidades vêm sendo adquiridas pela Intermédic­a nos últimos anos, em

- MARIO CESAR CARVALHO JOANA CUNHA

DE SÃO PAULO

A operadora de saúde Notre Dame Intermédic­a estreia suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo no próximo dia 23 com uma pedra no meio do caminho. O dono de um hospital alugado para a rede, o médico Fabio Faisal, diz que a empresa apresenta as instalaçõe­s como se fossem dela, o que não é verdade, segundo ele.

O hospital Renascença, em Osasco, na Grande São Paulo, é alugado para a Intermédic­a e, pelos planos de seus sócios, o contrato não será renovado por causa de conflitos com a operadora de saúde.

“Em junho vamos pedir o hospital de volta”, diz Faisal à Folha. “Não queremos negócio com a Intermédic­a.”

Os conflitos começaram em 2002, três anos após o hospital ter sido arrendado à operadora. A Intermédic­a aceitou pagar R$ 330 mil por mês de aluguel em 1999, mas entrou na Justiça depois pedindo revisão do contrato para a metade do valor.

Ganhou em primeira instância, mas a família Faisal entrou com recurso por não aceitar que o preço do aluguel seja definido pelo valor do metro quadrado, em vez da qualidade das instalaçõe­s.

No recurso, eles alegaram que não faz sentido definir o preço do aluguel pelo metro quadrado porque hospital requer instalaçõe­s especiais, diferentem­ente de imóveis comuns, e tais especifici­dades devem ser precificad­as.

“Não tem sentido nenhum definir o preço por metro quadrado porque você não acha um hospital para alugar em cada esquina”, afirma Faisal.

Atualmente, a Intermédic­a paga R$ 165 mil aos Faisal e idêntico valor é depositado em juízo até que o conflito tenha um fim. Pela conta dos donos do hospital, a Intermédic­a lhes deve R$ 16 milhões.

Faisal diz que o critério do metro quadrado distorce para baixo o preço do hospital. Se as instalaçõe­s fossem vendidas por essa regra, o preço seria de R$ 40 milhões. “Já temos oferta de R$ 110 milhões pelo hospital”, contrapõe.

Procurada, a Notre Dame Intermédic­a não se manifestou porque precisa ficar em período de silêncio às vésperas de sua estreia na Bolsa.

O IPO (oferta pública de ações) da Notre Dame Intermédic­a poderá movimentar cerca de R$ 1,9 bilhão e ocorre no mesmo mês em que outra empresa do ramo, a Hapvida, se lança na Bolsa.

Em sua apresentaç­ão para a oferta de ações na CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s), a Intermédic­a menciona uma rede própria de hospitais com 18 unidades, que somam 1.860 leitos.

Desse total, 77 leitos são do hospital Renascença. AQUISIÇÕES

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