Folha de S.Paulo

Ve acontecer antes do final do segundo semestre.

- GUILHERME SETO

DE SÃO PAULO

O TCM (Tribunal de Contas do Município) autorizou a Prefeitura de São Paulo a dar andamento no processo de concessão de 22 cemitérios públicos, do crematório da Vila Alpina e do serviço funerário.

O processo foi barrado pelo tribunal no final de setembro de 2017, ainda em sua fase inicial, chamada de PMI (Procedimen­to de Manifestaç­ão de Interesse), e desde então não havia evoluído.

A suspensão do processo ocorreu em meio ao desgaste na relação entre TCM e Executivo no período de João Doria (PSDB) como prefeito.

Com a saída dele para se candidatar ao governo paulista nas próximas eleições, Bruno Covas (PSDB) assumiu a prefeitura em abril e tem mantido interlocuç­ão com os conselheir­os do tribunal.

Com a autorizaçã­o do TCM, a prefeitura agora receberá estudos de empresas interessad­as sobre os cemitérios, que estão entre os equipament­os mais cobiçados pela iniciativa privada no pacote municipal de desestatiz­ação.

A previsão inicial para a concessão era o primeiro trimestre de 2018, mas, diante do novo cenário, ela não de- CÂMARA “O próximo passo será receber os estudos dos interessad­os e enviar o projeto para a Câmara. Estamos curiosos para receber os estudos. Sabemos que grandes consórcios, com experiênci­a na área, investiram muito dinheiro para elaborar estudos sobre o tema. Com a ajuda deles, poderemos construir um edital de concessão de qualidade”, diz Wilson Poit, secretário de Desestatiz­ação e Parcerias.

Durante a gestão João Doria, a tensão entre a prefeitura e o TCM foi grande, com críticas públicas por parte do ex-prefeito, que se aborreceu com pedidos do tribunal e processos que foram interrompi­dos em algum momento pelo órgão, como a privatizaç­ão do Anhembi ou o projeto de recuperaçã­o das pontes nas marginais.

Doria chegou a afirmar que o órgão exagera em suas funções e prejudica a cidade.

Reconhecid­o por seu perfil conciliado­r, Bruno Covas tem se aproximado do TCM discretame­nte, buscando aparar as arestas.

Relator dos projetos de concessão e de privatizaç­ão, o conselheir­o do TCM Domingos Dissei afirma que a Prefeitura de São Paulo sanou as duas principais insuficiên­cias que existiam no projeto, que eram a indefiniçã­o sobre a quantidade de jazigos existentes nos cemitérios e a questão da gratuidade.

Os jazigos foram recontados pela prefeitura em fevereiro (cerca de 350 mil ao todo), e foram definidos parâmetros mais claros para a gra- tuidade dos serviços.

Estudo feito pela Secretaria de Desestatiz­ação mostrou que cerca de 10% dos jazigos da capital paulista contam com gratuidade, que será mantida, segundo o secretário Wilson Poit.

Em seu voto de liberação do PMI, Dissei também pede que a prefeitura contemple algumas condições no edital de concessão dos cemitérios.

Entre elas estão a estimativa de valor mínimo esperado para a concessão e a submissão de resoluções de tombamento do Conpresp e do Condephaat, órgãos de conservaçã­o do patrimônio no município e no estado de São Paulo.

Dissei destaca o caso do cemitério da Consolação, no centro, pedindo que qualquer modificaçã­o nele passe por aprovação do Conpresp.

As unidades municipais tiveram arrecadaçã­o anual de R$ 43 milhões e custos de R$ 51 milhões em 2015. CONDIÇÕES Os cemitérios municipais têm sido alvo de queixas devido à má conservaçã­o dos locais e à falta de segurança.

Reportagem da Folha mostrou que as pessoas enfrentam desinforma­ção, constrangi­mento, falta de estrutura, cooptação de funerárias particular­es e tentativa de cobrança de taxas extraofici­ais ao precisar desses serviços.

Levantamen­to feito pelo próprio TCM constatou que ocorrempel­omenos108f­urtos por mês nos cemitérios, uma média de 3,6 por dia.

DE SÃO PAULO

O Ministério Público de Contas de São Paulo encaminhou, nesta terça-feira (17), uma representa­ção ao Tribunal de Contas do Estado pedindo que sejam apuradas possíveis irregulari­dades no pagamento de diárias a funcionári­os da USP e da Unesp. O órgão também pede a devolução do benefício.

Segundo o documento, servidores de alto escalão das duas universida­des receberam valores no montante de R$ 2,3 milhões em diárias, em 2017, para custear deslocamen­tosmesmoem­casosde funcionári­os com moradia permanente na cidade.

O problema já tinha sido mostrado pelo jornal O Estado de S.Paulo, que apontava entre os beneficiár­ios o exreitor da USP Marco Antônio Zago e o atual reitor da Unesp, Sandro Valentini.

As duas universida­des disseram que ainda não foram notificada­s oficialmen­te.

A USP afirma, no entanto, que “as diárias são pagas estritamen­te de acordo com os períodos durante os quais os servidores afastam-se de seu município de lotação para exercer, em outro município, atividades decorrente­s de suas funções administra­tivas”.

Já a Unesp afirma que “as normas para pagamento e controle de despesas com diárias de seus servidores” não diferem no mérito das disposiçõe­s contidas em um decreto estadual.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil