Folha de S.Paulo

O ‘golpe Caboclo’ está dado

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

A FRASE é conhecida e serve como luva, para não sujar as mãos, para a eleição que marca a nova velha situação na CBF: “Tudo deve mudar para que tudo fique como está”.

O autor, o escritor italiano Giuseppe Lampedusa, em seu livro mais famoso, “O Leopardo”, retratava a decadência da aristocrac­ia na Sicília.

Um patrício português a traduziu para o popular: “Mudam as moscas, a m... é a mesma”. Mais adequadas impossível. A CBF muda de mãos, mas não muda.

Assume um cartola tão inexpressi­vo que quase nenhum torcedor sabe quem é, embora seja o braço direito do Marco Polo que não viaja, destronado pela Fifa, ou melhor, pelo FBI.

Seu nome é Rogério, agraciado com um golpe no estatuto da entidade, o “golpe Caboclo”, seu sobrenome.

Obrigada por lei a aumentar o colégio eleitoral com a inclusão dos clubes da Série B, a CBF aumentou de Justiça, e, por isso, destinada a vigorar.

O “golpe Caboclo” é um escárnio como a impunidade dos ex-presidente­s da Casa Bandida, Ricardo Teixeira e Del Nero.

Porque o novo ungido é tão mais do mesmo que chegou lá levado por Del Nero, seu protetor desde os tempos da Federação Paulista de Futebol (FPF).

Fosse novo e não conviveria com quem convive, embora provavelme­nte, tão pouco tempo, desde 2001 quando chegou à FPF, como revelou o repórter Diego Garcia, nesta Folha, em 22 de março passado.

Nem com Gustavo Perrella, o do helicópter­o, nem com o coronel Furtado, o dos jogos de azar.

Muito menos aceitaria ser testa de ferro de Del Nero.

Ou pagar mesadas para os marmanjos das federações estaduais, Del Nero no Chile ia e voltava a cada jogo da seleção brasileira, chefe itinerante da delegação, como foi gari e prefeito provisório­s.

A diferença entre o presidente afastado e o eleito está em que o segundo pode viajar.

Se significa vantagem para o futebol brasileiro é discutível.

Há que se aguardar para saber se evitará gafes ou vexames pelo mundo afora como, dizem os corredores da CBF, serem comuns na Barra da Tijuca, sede da entidade, principalm­ente depois do almoço.

O mais triste em tudo isso é constatar a submissão dos cartolas dos é fácil, difícil é enfrentar os responsáve­is pelo estado cada vez mais miserável de nosso futebol.

Vencer a Copa do Mundo não resolverá absolutame­nte nada.

Seguiremos periférico­s, terceira divisão do futebol mundial, exportador­es de pé de obra.

E de golpes.

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