Folha de S.Paulo

Academia Brasileira de Letras elege novo imortal

Jurista Joaquim Falcão é favorito para suceder escritor Carlos Heitor Cony

- MAURÍCIO MEIRELES

Ele concorre com Vilma GuimarãesR­osa,filha doautorde‘Grande Sertão: Veredas’, que deveterpou­cosvotos FOLHA

Os imortais da ABL (Academia Brasileira de Letras) elegem, na tarde desta quinta-feira (19), o sucessor de Carlos Heitor Cony na cadeira número 3. A vaga está aberta desde a morte de Cony, em janeiro, aos 91 anos.

O favorito para sucedê-lo é o jurista Joaquim Falcão, que tem como concorrent­e Vilma Guimarães Rosa, filha do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967).

Falcão é visto com bons olhos pela ala dos escritores —que normalment­e costuma ter candidatos diferentes da ala dos notáveis, formada por políticos, advogados, ex-presidente­s etc.

A turma da literatura encarou com bons olhos o jurista ter desistido de sua candidatur­a à cadeira 27, em favor do poeta e filósofo Antonio Cicero, eleito em agosto de 2017 e recém-empossado como imortal.

Como antes de Cicero havia sido escolhido outro nome literário, o poeta e compositor Geraldinho Carneiro, os escritores desta vez não apresentar­am um candidato à vaga.

Além disso, Vilma não seguiu os rituais comuns para quem está em campanha a um lugar na Casa de Machado — ela não enviou, por exemplo, o e-mail ou telegrama de praxe avisando aos imortais que iria apresentar candidatur­a.

É possível que ela receba alguns votos não só pela amizade de um ou outro imortal, mas também votos de oposição à escolha de Falcão.

De todo modo, imortais questionad­os pela Folha disseram, sob a condição de anonimato, que a votação dela não deve ser expressiva.

Vilma é autora do livro “Relembrame­ntos - João Guimarães Rosa, Meu Pai”, publicado pela Nova Fronteira, entre outros livros. HARVARD Falcão é professor do curso de direito da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro, além de mestre em direito pela Universida­de Harvard (EUA) e doutor em educação pela Universida­de de Genebra.

O jurista é autor de livros como “Mensalão, Diário de Um Julgamento” e “Reforma Eleitoral no Brasil”, além de publicar diversos artigos na imprensa sobre o universo jurídico nacional.

É comum, a cada eleição, surgir a dúvida de como a ABL pode eleger alguém que não seja ficcionist­a —mas é assim que a instituiçã­o funciona desde 1897, quando foi fundada por Machado de Assis, Joaquim Nabuco e outros intelectua­is.

O eleito precisa ter maioria absoluta dos 39 votos — se nenhum dos candidatos chegar ao número necessário, mais uma rodada de votação é realizada, até um total de quatro. Se em nenhuma delas chegar-se a um vencedor, a eleição é anulada e remarcada.

Após esta eleição, a ABL ficará novamente completa, com 40 membros.

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Marcelo Chello/CJPress/Folhapress O jurista Joaquim Falcão, candidato a vaga na ABL

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