Folha de S.Paulo

Em cúpula, Coreias prometem acordo de paz até o fim deste ano

Após 11 anos sem se reunirem, dirigentes aceitam retirar armas nucleares da península Coreana, mas não citam prazo

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panmunjom A histórica cúpula entre as Coreias terminou com a promessa do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e do ditador norte-coreano, Kim Jong-un, de retirar todas as armas nucleares da península Coreana, com vistas a assinar um acordo de paz até o fim deste ano.

O tratado, citado na cúpula desta sexta (27), encerraria, finalmente, a Guerra das Coreias, iniciada em 1950 e que teve apenas um armistício firmado em 1953.

“As Coreias do Sul e do Norte confirmam seu objetivo comum de alcançar por meio de uma completa desnuclear­ização, uma península Coreana sem armas nucleares”, diz a Declaração de Panmunjom, assinada pelos dois líderes.

O nome do documento alude ao vilarejo de casas azuis na zona de desmilitar­ização entre as Coreias que serve de sede às negociaçõe­s.

A declaração não especifica como funcionará o processo para a retirada das armas.

No passado, os norte-coreanos já disseram que só poderiam abrir mão de suas armas nucleares quando os EUA tirassem seus 28 mil soldados da Coreia do Sul, mas Kim teria, segundo Seul, aberto mão dessa exigência em troca de outras garantias para a segurança de seu país.

Os países afirmaram que pretendem envolver os EUA e a China para converter o atual armistício em um acordo de paz. Os dois países são signatário­s do armistício e precisam participar e concordar com os termos de um tratado.

As Coreias do Norte e do Sul também anunciaram que em agosto irão organizar uma nova reunião entre famílias separadas desde a guerra.

As declaraçõe­s dos dois líderes foram recebidas com apoio na comunidade internacio­nal. O encontro, o primeiro entre lideranças dos dois países desde 2007, é o ápice da distensão entre os dois países, marcada também pela participaç­ão de uma equipe mista na Olimpíada de Inverno, na Coreia do Sul.

“A guerra da Coreia vai acabar!”, escreveu o presidente americano, Donald Trump, em rede social. “Depois de um ano furioso de lançamento de mísseis e testes nucleares, um encontro histórico entre o Norte e o Sul está ocorrendo. Coisas boas estão acontecend­o, mas só o tempo dirá!”

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou ter conversado com Trump e disse que seu país também quer ser incluído nas conversas. Ele disse esperar que Pyongyang tome medidas concretas para retirar as armas da região.

Principais aliados do governo norte-coreano, Pequim e Moscou também elogiaram a medida e se colocaram à disposição para ajudar.

“A China está disposta a continuar a ter um papel pró-ativo neste assunto”, disse em nota o Ministério de Relações Exteriores do país. Os russos prometeram ajudar na cooperação entre os dois países, em especial em questões de infraestru­tura, como energia e transporte ferroviári­o.

Os quatros países —Japão, EUA, China e Rússia— participar­am da última rodada de conversas para por fim ao programa nuclear norte-coreano, interrompi­das em 2008 sem chegar a um acordo.

O presidente do Brasil, Michel Temer, elogiou o anúncio de um possível acordo de paz entre as duas Coreias, definindo a cúpula como “histórica”.

 ?? Associated Press ?? O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un (à esq.), abraça o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, após assinatura de declaração
Associated Press O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un (à esq.), abraça o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, após assinatura de declaração

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