Folha de S.Paulo

Confronto em protesto de palestinos deixa 3 mortos

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gaza Centenas de manifestan­tes palestinos, pelo menos dois deles armados, tentaram derrubar a cerca na fronteira entre Gaza e Israel nesta sexta-feira (27).

As forças israelense­s respondera­m com tiros e pelo menos três palestinos morreram e 350 ficaram feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O episódio foi um dos mais violentos ocorridos desde que os protestos tiveram início, cinco semanas atrás. Ele aconteceu logo após uma autoridade da ONU ter pedido para que Israel não usasse força excessiva contra os manifestan­tes.

Segundo testemunha­s, pelo menos parte das mortes ocorreu quando dois palestinos se aproximara­m armados da cerca e um deles atirou ao menos sete vezes em direção aos israelense­s antes de os dois fugirem.

Em resposta, os soldados atiraram uma granada de mão, mas os homens armados já não estavam mais lá, ainda de acordo com as testemunha­s.

Esta é a quinta semana seguida de manifestaç­ões em Gaza. O objetivo é chamar atenção para o bloqueio israelense da região assim como conquistar a simpatia internacio­nal para o desejo dos refugiados palestinos de retornar ao território que hoje é o Estado de Israel.

As fronteiras de Gaza com Egito e Israel estão praticamen­te fechadas desde que o Hamas —considerad­o por ambos como um grupo terrorista— tomou o controle, à força, da região, em 2007.

E a Autoridade Palestina, que governa a Cisjordâni­a, também impõe sanções contra os líderes do Hamas.

Nas quatro primeiras semanas de protestos, pelo menos 38 pessoas foram mortas por Israel, e 2.100, feridas.

O país tem rejeitado as críticas internacio­nais, dizendo que está defendendo a sua fronteira. O governo acusa ainda os líderes do Hamas, que estão organizand­o os protestos, de usar os manifestan­tes como uma manobra para realizar os ataques.

No ato desta sexta-feira, uma multidão se reuniu a algumas centenas de metros da fronteira. Alguns deles atiraram pedras e colocaram fogo em pneus, no que já se tornou uma rotina nas últimas semanas.

No fim da tarde, dezenas de jovens se retiraram da multidão e se dirigiram para a cerca com Israel. A multidão então tentou romper a barreira com ganchos e alicates, quando as tropas israelense­s começaram a atirar.

E, pela primeira vez desde que os protestos tiveram início em 30 de março, testemunha­s e autoridade­s israelense­s confirmam que alguns palestinos conseguira­m chegar até a segunda barreira, que fica a cerca de 50 metros da primeira.

Trata-se de uma cerca eletrifica­da e que corre ao longo da linha de armistício de 1949.

Em nota, o Exército israelense afirmou que tinha “frustrado” uma tentativa de infiltraçã­o por manifestan­tes palestinos.

De acordo com ele, centenas de pessoas tentaram colocar fogo na cerca e entrar em Israel. Afirmou ainda que os manifestan­tes atiraram explosivos, bombas incendiári­as e pedras e que as tropas abriram fogo “de acordo com as regras de engajament­o” e dispersara­m a multidão.

Israel tem sido alvo de forte crítica internacio­nal pelo suposto uso de força excessiva.

O jordaniano Zeid Raad alHussein, alto comissário de direitos humanos das Nações Unidas, afirmou que as tropas de Israel não têm seguido as advertênci­as da ONU e vêm usando força letal contra manifestan­tes desarmados.

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Mahmud Hams/AFP Manifestan­tes palestinos sobem em pilhas de pneus levadas para protesto na região de fronteira da faixa de Gaza com Israel nesta sexta-feira

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