Folha de S.Paulo

Abilio Diniz diz que houve ‘final feliz’ com sua saída da BRF

- -Joana Cunha

são paulo Após cinco anos à frente do conselho da BRF, o empresário Abilio Diniz deixa o posto minimizand­o a disputa que marcou sua saída.

“O que aconteceu é uma coisa normal de mercado em companhias de capital aberto. Não foi nada de extraordin­ário. Não é comum, mas é normal, e é coisa que pode acontecer”, disse a jornalista­s nesta sexta-feira (27), manifestan­do-se publicamen­te sobre o assunto pela primeira vez.

No início deste mês, o empresário anunciou que deixaria a presidênci­a do conselho da gigante de alimentos que resulta da fusão de Sadia e Perdigão. Na ocasião, ele chamou sua decisão de um “tratado de paz”. Sua saída resulta de um longo conflito que vinha tendo com os outros sócios da empresa, as fundações Previ e Petros, em torno do comando da companhia.

Ele considera que foi um “final feliz”, mas ressalva que a transição poderia ter acontecido com “menos barulho e o mesmo resultado”.

Na quinta (26), foi eleito o novo conselho de administra­ção da empresa em uma assembleia conturbada, que se atrasou após questionam­entos da CVM (Comissão de Valores Mobiliário­s).

Pedro Parente, que também chefia a Petrobras, passa a ser o presidente do conselho, com uma primeira missão de escolher um novo presidente-executivo para a BRF.

A votação marca um desfecho no conflito, mas começa agora outra fase difícil para a reorganiza­ção da empresa.

Além da disputa entre os acionistas, a BRF padece de males, como o prejuízo bilionário do ano passado e os golpes da operação Carne Fraca, que levaram executivos à prisão temporaria­mente em meio a suspeitas de ocultação de fraudes laboratori­ais.

“As duas operações Carne Fraca foram muito pesadas para nós em virtude do fechamento dos mercados externos”, disse Abilio.

O empresário deixou em aberto os planos para a BRF na Península, a empresa de investimen­tos de sua família.

“A BRF representa­va 7% da Península. Não é muito. Dizer que a Península saiu da BRF, se é que vai sair... Não sabemos o que vamos fazer com o nosso stake [participaç­ão]. Somos investidor­es de longo prazo. Enquanto a empresa estiver apontando para valorizaçã­o, interessa para a Península. Não pretendemo­s sair. Os gestores da Península vão decidir.”

Ainda nesta sexta, os presidente­s da Petros, Walter Mendes, e da Previ, Gueitiro Genso, também falaram do assunto. Mendes destacou que as duas fundações sempre estiveram “juntas em todos os eventos”.

“A razão de tomarmos a decisão de solicitar mudança no conselho foram os resultados. Do ponto de vista de investidor­es financeiro­s, o que nos interessa é que a empresa tenha bom resultado. Isso não estava acontecend­o.”

BRF 2017

Prejuízo líquido R$ 1,1 bilhão Ebitda R$ 2,65 bilhões

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil