Folha de S.Paulo

Maior vencedor a não levar melhor do mundo, Iniesta deixa o Barcelona

- Alex Sabino

são paulo No dia em que Andrés Iniesta, 33, anunciou a saída do Barcelona, clube em que chegou aos 12, a melhor definição foi do argentino Juan Román Riquelme, outro meia de estilo clássico.

Iniesta está em campo, mas parece que assiste do alto da arquibanca­da. Tem uma visão única da partida.

“Ele é o melhor. Mostra como o futebol deve ser jogado”, disse o armador que também passou pelo Barcelona.

Nesta sexta (27), ao avisar que deixa o clube, o futebol parou para prestar tributos ao melhor jogador que não conseguiu ganhar o prêmio de melhor do mundo.

“Ele merecia porque fez muito. Mas Iniesta é muito maior do que qualquer prêmio. Os jogadores dizerem que ele merecia ter vencido já basta”, afirma o brasileiro Juliano Belletti, que ganhou a Liga dos Campeões de 2006 ao lado do espanhol.

Desde 2008, as escolhas para melhor do ano são divididas entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. É justo pensar que, se eles não existissem, Iniesta teria vencido pelo menos uma vez.

“Não quero me enganar nem enganar a ninguém. Vou chegar aos 34 anos. Deixei a alma por este clube. Não ficaria feliz se pensasse que não iria dar tudo. Todos que estão aqui devem continuar este legado”, ele disse, às lágrimas, ao anunciar a decisão.

O legado é de quatro títulos da Liga dos Campeões, três Mundiais de Clubes, provavelme­nte nove campeonato­s espanhóis (o Barcelona está perto de vencer neste ano) e seis Copas do Rei.

Foi a terceira vez que a torcida do time catalão viu o meia chorar nas últimas semanas. Ele já havia sido flagrado com os olhos marejados no banco de reservas na eliminação da Liga dos Campeões para a Roma e na conquista da Copa do Rei, contra o Sevilla.

Iniesta já sabia que estava se despedindo da equipe em que ficou por 21 anos.

Ao chegar a La Masia, centro de treinament­o do Barcelona, em 1996, era pouco provável que imaginasse um casamento tão duradouro.

A noite em que seus pais o deixaram no clube e voltaram para Fuentealbi­lla, em Albacete, foi a pior de sua vida. Chorava todas as noites.

O destino mais provável agora é o futebol chinês. Se isso acontecer, a despedida de Iniesta do futebol em alto nível será em junho, na Copa do Mundo na Rússia.

Deverá ser o adeus da selção para o meia que fez o gol do título espanhol em 2010.

Ao chutar de dentro da área na prorrogaçã­o e superar o goleiro holandês Sketelenbu­rg, ele deu ao futebol um dos seus momentos mais icônicos.

Comemorou o gol mostrando camiseta com a frase “Dani Jarque sempre conosco”, em homenagem ao zagueiro que sofreu mal súbito e morreu aos 26 anos em agosto de 2009.

Nolivro“Theartist: being Iniesta” (O artista: sendo Iniesta, em inglês), de 2016 e ainda sem publicação no Brasil, ele revela que viveu uma fase pessoal ruim antes do Mundial que terminou com o título da Espanha. Não confirma ter

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Manu Fernandez/Associated Press Iniesta durante entrevista em que anunciou sua saída do time
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Josep Lago - 10.ago.16/AFP O meia aplaude a torcida no Camp Nou

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