Folha de S.Paulo

‘Lei de Migração é aberração que privilegia estrangeir­os’

- Tenente-coronel do Exército e mestre em operações militares -Durval Lourenço Pereira

A crise migratória venezuelan­a atingiu em cheio o paupérrimo estado de Roraima, levando sua governador­a a solicitar ao Supremo Tribunal Federal o fechamento temporário da fronteira, pois o fluxo diário de estrangeir­os, de até 800 por dia, extrapola em muito a já precária estrutura de serviços públicos roraimense­s.

O governo federal deu apoio logístico, levando centenas deles para outros estados, mas a demanda é bem maior. Tratase de um cenário complexo, que inclui de indígenas nômades a decididos a emigrar, passando por visitantes sazonais.

Só uma ínfima parte enquadra-se na situação de refugiado definida pela ONU: o perseguido por motivos diversos.

Roraima até poderia atender os migrantes em melhores condições, não fosse o estado de menor PIB da União, muito graças às pressões globalista­s que engessaram mais de 60% do seu território em reservas indígenas e ambientais.

O roraimense é visto como intruso em sua própria terra em certos fóruns, onde a questão migratória é debatida por “especialis­tas” que jamais viram uma operação de ajuda humanitári­a, ou mesmo pisaram em solo amazônico.

Escolher quem entra em seu território ou é acolhido como imigrante é uma atribuição tão legítima de um governo quanto a decisão do cidadão comum sobre quem frequenta seu lar.

Mas arautos de velhas utopias, agindo sob novos disfarces, voltaram a questionar a autoridade nacional, agora empunhando a bandeira do humanitari­smo.

O êxodo venezuelan­o é o primeiro sob os auspícios da nova Lei de Migração —aberração jurídica que privilegia o estrangeir­o em detrimento do brasileiro nato—, cujos desvarios foram parcialmen­te corrigidos por vetos presidenci­ais e regulament­ação posterior.

Não satisfeito­s em impedir a chegada do progresso a imensas áreas de Roraima, os engenheiro­s sociais do globalismo, herdeiros do internacio­nalismo marxista, buscam relativiza­r a soberania nacional nas fronteiras por via legal.

Na contramão do combate às ameaças transnacio­nais, a legislação entoa o mantra paternalis­ta da Constituiç­ão, que designou o Estado-babá como fonte mágica e inesgotáve­l de recursos e direitos, mas poucos deveres —vício igual ao que causou a catástrofe no país vizinho.

Estivemos perto desse abismo quando o lulopetism­o flertou com o bolivarian­ismo, mas a ameaça continua sendo ninada pelo nosso Estado assistenci­alista, inchado, perdulário e assolado pela corrupção.

Por isso tudo, o grande desafio do Brasil é ajudar os estrangeir­os carentes, na medida do possível, evitando as ciladas do globalismo e do socialismo e seus rebentos históricos: ditaduras, miséria e fome.

Afinal de contas, a Venezuela fica ali na esquina.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil