Folha de S.Paulo

Porta-voz de empresa cita investimen­tos em tratamento de efluente

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Em jornais e emissoras de TV de Portugal, o noticiário sobre a poluição do rio nem sempre ouve o lado da Celtejo. É comum dizerem que a companhia se recusou a falar.

À Folha, uma porta-voz da empresa que pediu para não ter seu nome divulgado apresentou contra-argumentos para todas as críticas. Segundo ela, a empresa tinha um desempenho ambiental muito ruim quando era do governo. Mas, comprada em 2005 pelo grupo Altri, investiu mais de 200 milhões de euros (R$ 840 milhões) na modernizaç­ão do processo produtivo.

Construiu uma estação de tratamento que também processa os efluentes das outras fábricas de papel e, a pedido do governo, das queijarias regionais. Até 2025, a fábrica de Vila Velha de Ródão vai receber mais 85 milhões de euros (R$ 350 milhões) de investimen­to no tratamento de efluentes.

Segundo a porta-voz, a redução da produção determinad­a pelo governo após a espuma foi apenas uma reação publicitár­ia, que a Celtejo acatou “para não criar problemas”. Ela diz ainda que processos mencionado­s por ambientali­stas e pela APA (Agência Portuguesa do Ambiente) envolvem só questões administra­tivas, como o descumprim­ento de datas para apresentar relatórios, mas não apontam que a fábrica seja poluidora.

De acordo com ela, a espuma deve ser atribuída a algum problema na estação de tratamento de Abrantes. “No dia desse evento, a APA emitiu uma nova licença para a estação de tratamento de Abrantes. Tem muita coisa mal explicada.”

Recuperar a imagem da Celtejo, porém, vai exigir mais que a presteza de porta-vozes preocupado­s em manter anonimato. No dia 29 de março, a empresa não recebeu uma advertênci­a encaminhad­a em carta registrada pelo juiz de Santarém —e que substituiu uma multa. O carteiro que levava o documento teve sua moto roubada. Ela foi encontrada pouco adiante do local, mas o baú das cartas sumiu.

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