Folha de S.Paulo

Desacordo sobre o Irã

-

Numa eventual lista de reparos a fazer sobre Donald Trump, decerto não há como incluir a falta de coerência com promessas de campanha. Benéficas ou não a seu país, ele as tem perseguido, e uma delas pode ser cumprida em poucos dias: retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã, assinado em 2015.

Desde que se tornou candidato republican­o, o presidente demonstra a intenção de romper o que chama de “pior pacto da história”, firmado por seu antecessor, Barack Obama, ao lado dos outros integrante­s do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, França e Reino Unido) e da Alemanha.

Terá a chance de fazê-lo no próximo dia 12, prazo-limite para decidir se mantém ou revoga a suspensão das sanções contra Teerã —contrapart­ida essencial das potências ocidentais para que o governo persa se comprometa a produzir combustíve­l nuclear apenas para fins pacíficos.

Dotado de inegável senso de oportunism­o, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, apresentou na segunda-feira (30) imagens de supostos documentos obtidos pelo Mossad, o serviço secreto local, que comprovari­am a manutenção de um programa iraniano de armas atômicas, mesmo após o acordo multilater­al.

O dossiê, a despeito de aparenteme­nte não trazer evidências irrefutáve­is, tem claro propósito de influencia­r Trump, hoje o único ator envolvido na questão que se alinha aos argumentos israelense­s.

Netanyahu parte do princípio de que não se pode confiar em um

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil