Tchau, Holmes
país cujo líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, prega costumeiramente a destruição do Estado judeu. Por essa lógica, permitir que o Irã disponha de recursos nucleares, ainda que sob supervisão internacional, representa um perigo grande demais.
Inconteste que a teocracia iraniana fomenta a instabilidade no Oriente Médio, ao financiar milícias como a libanesa Hizbullah (que já travou guerra com Israel) e manter uma disputa indireta com outra força regional, a Arábia Saudita.
Exatamente por isso, entretanto, o acordo de 2015 constitui a opção menos imperfeita para lidar com uma nação inclinada ao conflito, como já se defendeu aqui. A existência de um canal de diálogo ao menos impede que o outro lado se isole de vez e tome suas decisões sem nenhuma verificação externa.
Se a Casa Branca implodir o pacto, agradará a um aliado, mas abrirá caminho para segmentos ultraconservadores do Irã fortalecerem o discurso de confrontação aberta com o Ocidente —algo ruim para todos, inclusive Trump. rio de janeiro O cachimbo e a boina eram acessórios —Sherlock Holmes só os usava para não decepcionar seus fãs. Seu verdadeiro instrumento de trabalho era a lupa. Entre outras coisas, ela lhe permitia identificar cerca de 30 marcas de cigarros pela cinza caída no local do crime e determinar qual delas o criminoso fumava. Sherlock, às vezes, usava também uma fita métrica. Ao medir as passadas deixadas no chão pelo suspeito, ele estabelecia sua altura, profissão, cor dos olhos e há quanto tempo o sujeito voltara do serviço público na Índia.
Não estou exagerando. Um dos prazeres de ler as histórias de Sherlock criadas por Conan Doyle, mais até do que chafurdar pelos becos de Londres ou brejos de Devonshire em que elas se passavam, é acompanhar o poder de observação do detetive. E, quando seu cético amigo Dr. Watson dizia que eram deduções impossíveis de comprovar, o criminoso era descoberto e correspondia à descrição. O fascinante era a simplicidade das deduções, que, depois de explicadas, pareciam óbvias.
Sherlock seria impossível numa sociedade padronizada e de massas como a nossa. Mas não faria falta. Quando querem realmente resolver um crime, os investigadores dispõem hoje de ferramentas com que, até há pouco, os escritores de mistério nem sonhavam.
Suponha, por exemplo, que, em sua delação premiada, Antonio Palocci, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, tenha contado que esteve com um ou com outra no dia tal, à hora tal e em lugar assim ou assado, para tratar de propinas, contratos viciados ou lavagem de dinheiro. Palloci se lembra desses detalhes porque, precavido como é, anotou tudo em agendas ou algo assim. Mas, e se os indigitados negarem? Será a sua palavra contra a deles?
Não mais. A análise das ligações telefônicas que trocaram e a posição dos celulares no mapa de antenas em cada encontro vão dizer se este aconteceu ou não. Tchau, Holmes.