QUEM É PAULO PRETO
Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS e Queiroz Galvão. São as chamadas “Cinco Irmãs”, por causa da suspeita de que sempre combinaram a divisão de obras pelo país.
Nessa fase inicial cada empreiteira dizia a Paulo qual das obras do plano estratégico queria fazer. Ele nega ter feito esse tipo de acordo e diz que os delatores resolveram retaliá-lo por causa das exigências que fazia.
Numa segunda fase ingressaram no negócio outras 19 empreiteiras, que teriam feito conluio para fixar que preços ofereceriam e apresentariam propostas de cobertura. Esse tipo de proposta serve para dar a aparência de competição na licitação, mas na verdade os preços ofertados já haviam sido combinados previamente pelo grupo.
Tudo isso está relatado nos dois acordos que a Odebrecht assinou com a Procuradoria Geral da República e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômico), órgão encarregado da defesa concorrencial: o de leniência, voltado para a companhia, e os de delação, feito pelos executivos da empresa.
A estimativa do valor da propina é fundamental para estabelecer a multa que será aplicada na ação de improbidade que o Ministério Público prepara. Se for seguido o padrão da Odebrecht, as empresas terão de pagar uma multa que corresponde a duas vezes o valor da propina, ou cerca de R$ 350 milhões.
O promotor Silvio Marques, que atua na investigação sobre essas obras, não quis in- formar que critérios adotará para estabelecer o valor que pedirá na ação judicial.
Paulo Preto está preso preventivamente desde o dia 6 de abril, após ação da Polícia Federal a pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal em São Paulo.
Ele foi denunciado em março, sob suspeita de desvio de recursos destinados ao realojamento de famílias para a construção do Rodoanel.
Ex-diretor nega pedido de suborno e acordo com as empreiteiras
OUTRO LADO
O advogado Daniel Bialski, que defende o ex-diretor do Dersa, diz que seu cliente jamais pediu contribuições ilegais para empreiteiras nem coordenou divisão de obras.
Segundo o advogado, os delatores que acusam Paulo agem por vingança porque o ex-diretor da Dersa era muito exigente com prazos e qualidade das obras.
Gilberto Kassab afirmou por meio de sua assessoria que “as licitações citadas, realizadas pela Prefeitura de São Paulo, ocorreram de forma lícita e transparente, obedecendo todas as disposições legais, em defesa estrita do interesse público”.
O senador José Serra (PSDBSP) não quis se pronunciar.
A Dersa diz que “as obras foram licitadas de acordo com a lei, e os pagamentos, realizados diretamente aos consórcios ou empresas contratados”. Segundo a empresa, “se comprovada conduta ilícita que tenha prejudicado a licitação, o Estado buscará na Justiça ressarcimento aos cofres públicos”.