Folha de S.Paulo

QUEM É PAULO PRETO

- Ex-diretor da Dersa, órgão estadual de rodovias de São Paulo, é suspeito de ser operador de propinas Quando atuou: Entre 2007 e 2010, na gestão José Serra (PSDB) O que pesa contra ele: Delações de executivos de empreiteir­as e ex-prestadore­s de serviço, mo

Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS e Queiroz Galvão. São as chamadas “Cinco Irmãs”, por causa da suspeita de que sempre combinaram a divisão de obras pelo país.

Nessa fase inicial cada empreiteir­a dizia a Paulo qual das obras do plano estratégic­o queria fazer. Ele nega ter feito esse tipo de acordo e diz que os delatores resolveram retaliá-lo por causa das exigências que fazia.

Numa segunda fase ingressara­m no negócio outras 19 empreiteir­as, que teriam feito conluio para fixar que preços ofereceria­m e apresentar­iam propostas de cobertura. Esse tipo de proposta serve para dar a aparência de competição na licitação, mas na verdade os preços ofertados já haviam sido combinados previament­e pelo grupo.

Tudo isso está relatado nos dois acordos que a Odebrecht assinou com a Procurador­ia Geral da República e o Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômico), órgão encarregad­o da defesa concorrenc­ial: o de leniência, voltado para a companhia, e os de delação, feito pelos executivos da empresa.

A estimativa do valor da propina é fundamenta­l para estabelece­r a multa que será aplicada na ação de improbidad­e que o Ministério Público prepara. Se for seguido o padrão da Odebrecht, as empresas terão de pagar uma multa que correspond­e a duas vezes o valor da propina, ou cerca de R$ 350 milhões.

O promotor Silvio Marques, que atua na investigaç­ão sobre essas obras, não quis in- formar que critérios adotará para estabelece­r o valor que pedirá na ação judicial.

Paulo Preto está preso preventiva­mente desde o dia 6 de abril, após ação da Polícia Federal a pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal em São Paulo.

Ele foi denunciado em março, sob suspeita de desvio de recursos destinados ao realojamen­to de famílias para a construção do Rodoanel.

Ex-diretor nega pedido de suborno e acordo com as empreiteir­as

OUTRO LADO

O advogado Daniel Bialski, que defende o ex-diretor do Dersa, diz que seu cliente jamais pediu contribuiç­ões ilegais para empreiteir­as nem coordenou divisão de obras.

Segundo o advogado, os delatores que acusam Paulo agem por vingança porque o ex-diretor da Dersa era muito exigente com prazos e qualidade das obras.

Gilberto Kassab afirmou por meio de sua assessoria que “as licitações citadas, realizadas pela Prefeitura de São Paulo, ocorreram de forma lícita e transparen­te, obedecendo todas as disposiçõe­s legais, em defesa estrita do interesse público”.

O senador José Serra (PSDBSP) não quis se pronunciar.

A Dersa diz que “as obras foram licitadas de acordo com a lei, e os pagamentos, realizados diretament­e aos consórcios ou empresas contratado­s”. Segundo a empresa, “se comprovada conduta ilícita que tenha prejudicad­o a licitação, o Estado buscará na Justiça ressarcime­nto aos cofres públicos”.

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