Folha de S.Paulo

Haddad e Wagner defendem diálogo com Ciro

Petistas vistos como alternativ­a para eleição presidenci­al afirmam que indefiniçã­o sobre Lula requer canal de negociação

- -Catia Seabra Jaques Wagner Thais Bilenky

curitiba Vistos como alternativ­as do PT à candidatur­a presidenci­al de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad e o ex-governador baiano Jaques Wagner defenderam o diálogo com outros nomes da esquerda e citaram o pré-candidato Ciro Gomes (PDT).

Ao participar de ato neste 1º de Maio, Dia do Trabalho, a uma quadra da superinten­dência da Polícia Federal do Paraná, onde o ex-presidente Lula está preso, Haddad disse que, como coordenado­r do programa de governo do PT, faz dois movimentos: a elaboração de um plano para Lula e a manutenção de diálogo com os partidos de esquerda.

Ao responder especifica­mente sobre Ciro, o ex-prefeito disse que manterá o canal de diálogo, o que não significa a costura de um plano B. “Não estamos discutindo alternativ­as ao Lula. Seria um desrespeit­o”, disse.

Wagner admitiu a hipótese de o PT não ser cabeça de chapa e ocupar a vice caso Lula seja impedido de concorrer.

Questionad­o, ele se disse à vontade para discutir a hipótese Ex-governador da Bahia, cotado como alternativ­a a Lula, sobre aliança do PT com Ciro (PDT) de se aliar a Ciro.

“Sou suspeito nesta matéria porque sempre defendi que, após 16 anos, estava na hora de ceder a precedênci­a. Sempre achei isso. Não conheço na democracia ninguém que fique 30 anos. Em geral fica 12, 16, 20. Defendi isso quando o Eduardo Campos (PSB) ainda era vivo”, afirmou.

Wagner defendeu também abertura de diálogo com o ex-ministro Joaquim Barbosa (PSB). “O Ciro eu sei mais ou menos o pensamento dele, a Manuela D’Ávila (PC do B) eu sei mais ou menos o pensamento dela, o Joaquim está começando a apresentar o seu pensamento”, afirmou.

O ex-governador recomendou, porém, calma. “O problema é que a prisão do Lula nos coloca numa posição de resistênci­a. Não posso dizer hoje que estou abrindo para qualquer um. É dizer o quê? Lula, tchau e bênção? Então a situação é complicada”, justificou.

Wagner insistiu que o PT vai sustentar a candidatur­a de Lula até que ele esteja interditad­o definitiva­mente. E defendeu o canal de negociação aberto pelo ex-prefeito paulistano. “Haddad teve uma conversa sobre a economia braSindica­l sileira e acharam que era sobre política eleitoral no estrito senso”, comentou.

Segundo os organizado­res, estiveram no ato 25 mil pessoas. A PM estimou em 5.000.

No evento, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, leu uma carta de Lula, em que ele afirma que “o Brasil vive este 1º de Maio com tristeza, mas com esperanças”. “É com tristeza que vivemos um momento onde nossa democracia está incompleta, com um governo ilegítimo no poder.”

Apesar do que foi dito por Wagner e Haddad, Gleisi descartou apoio a outra candidatur­a. “Se falarem em plano B para vocês, não acreditem. Lula vai ser nosso candidato”.

Com medo de vaias, presidenci­áveis evitam palanque no 1º de Maio

são paulo “Com medo de vaia”, segundo Paulinho da Força, os quase dez pré-candidatos à Presidênci­a convidados não apareceram no ato da Força deste 1º de Maio, em São Paulo, salvo por três deles, que expressara­m pessimismo ao falar do país.

Manuela pediu a revogação da reforma trabalhist­a, “que retira direitos dos trabalhado­res”. Referindo-se ao desabament­o de prédio em São Paulo, Paulo Rabello de Castro (PSC) disse que “foi a República do Brasil que desabou em cima do trabalhado­r e da trabalhado­ra brasileira”.

Com 13,7 milhões de desemprega­dos, “quem quer governar o país tem a obrigação moral de gerar emprego”, discursou Aldo Rebelo (SD).

Esperados, o governador Márcio França (PSB) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também se coloca como candidato ao Planalto, não comparecer­am.

França atribuiu sua ausência ao desabament­o. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), passou pelo ato, mas não subiu no palanque. Em 2017, o então prefeito João Doria (PSDB), hoje candidato a governador, foi duramente criticado por defender a reforma trabalhist­a.

“Está todo mundo correndo de vaia”, disse Paulinho.

Sou suspeito. Sempre defendi que, após 16 anos, estava na hora de ceder a precedênci­a. Defendi isso quando o Eduardo Campos ainda era vivo

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Marlene Bergamo/Folhapress Ato do dia Primeiro de Maio em Curitiba, que acabou se transforma­ndo numa manifestaç­ão de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na cidade
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Henrique Barreto/Futura Press/Folhapress Público assiste a shows em ato da Força Sindical, em SP

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