Folha de S.Paulo

São covardes, diz manifestan­te agredido em ato pró-Lula

- Thais Bilenky

são paulo Agredido depois de insultar o senador petista Lindbergh Farias (RJ), em ato em frente ao Instituto Lula, no dia 5 de abril, o administra­dor Carlos Alberto Bettoni, 56, disse se sentir “profundame­nte aviltado”.

“Sofri um injustific­ado atentado contra minha vida protagoniz­ado por pessoas covardes, as quais estavam em maior número e não mediram esforços para verem concretiza­dos seus respectivo­s intentos, e o resultado pior, que seria minha morte, não ocorreu por fatos alheios à vontade delas”, afirmou.

Bettoni sofreu traumatism­o craniano, foi operado e ficou mais de duas semanas internado na UTI do hospital São Camilo, em São Paulo. Na sexta-feira (27) foi para casa e, com restrições de autonomia, respondeu a perguntas da Folha por escrito, intermedia­das por seu advogado, Daniel Bialski.

No ato, realizado dois dias antes da prisão do ex-presidente Lula, o administra­dor interrompe­u uma entrevista de Lindbergh com ofensas.

“Vem apanhar aqui, seu filho da puta. Vai ser reeleito aqui, seu viado?”, gritou o manifestan­te. O senador o desafiou a repetir a agressão.

Apoiadores de Lula reagiram empurrando e agredindo o manifestan­te, que bateu a cabeça no para-choque de um caminhão e caiu no meio da rua.

Questionad­o se, agora, em retrospect­iva, considerou sua fala apropriada, Bettoni respondeu que “devido às lesões causadas pelo atentado, não me recordo ao certo se eu de fato disse algo ou, acaso tenha dito, não creio que tenha sido algo contundent­e, até porque não tenho por hábito militar politicame­nte a favor ou contra quem quer que seja”.

“De qualquer modo, não posso acreditar que eventual adoção de corrente ou orientação partidária poderia justificar condutas como aquelas praticadas contra minha vida”, afirmou.

O episódio resultou no indiciamen­to do ex-vereador Manoel Eduardo Marinho, co- nhecido como Maninho do PT, seu filho Leandro Eduardo Marinho e Paulo Cayres, secretário nacional do Setorial Sindical do PT e vice-diretor do Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC.

Eles são suspeitos de lesão corporal dolosa, quando há intenção de ferir. Se condenados podem pegar pena de um a cinco anos de prisão.

Em petição, seu advogado pede a anulação do indiciamen­to. Sustenta que o delegado Wilson Zampieri colheu depoimento quando Bettoni ainda estava hospitaliz­ado, sem aval da defesa ou da família e contestou a acusação.

“O caso concreto não encerra mero episódio de agressão, mas sim de possível tentativa de homicídio qualificad­o”, justificou o advogado.

A agressão ao empresário ocorre em meio a uma escalada da violência em atos políticos pelo país. Acampament­o pró-Lula e a caravana do petista foram alvejados.

Para Bettoni, há “uma completa falta de bom senso e de noção de civilidade nesses episódios de selvageria”.

“O que aconteceu comigo é só mais um capítulo dessa sequência lamentável de fatos. A violência não contribui para o progresso da sociedade, não sendo esse o melhor caminho para se fazer valer essa ou aquela orientação política”, concluiu.

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Rogério Gomes - 5.abr.2018/Brazil Photo Press Bettoni após ser agredido

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