Folha de S.Paulo

Nos 200 anos de Marx, mundo confunde socialismo

- Daniel Buarque

paris Duzentos anos após o nascimento do pensador responsáve­l pelas bases teóricas do socialismo, o sistema político e econômico desenvolvi­do por Karl Marx (1818-1883) ainda gera grande polarizaçã­o internacio­nal.

Uma pesquisa de opinião global indica que a ideologia socialista divide opiniões e é visto de forma contraditó­ria. Segundo o levantamen­to, a maior parte das pessoas defende ao mesmo tempo pontos centrais do socialismo e do capitalism­o liberal, o que revela certa incongruên­cia política.

A divisão em relação a o que o socialismo representa é clara. Por um lado, metade das pessoas (50% dos entrevista­dos) ainda diz acreditar que, no presente, ideais socialista­s têm grande valor para o progresso da sociedade.

Para a outra metade (48%), entretanto, o socialismo é um sistema de opressão política, vigilância em massa e terrorismo de Estado.

A sondagem online foi feita entre março e abril. No total, 20.793 pessoas de 18 a 65 anos foram ouvidas em 28 países, inclusive no Brasil.

Apesar de mostrar a divisão das opiniões em relação ao sistema como um todo, há uma grande aprovação global a respeito de alguns pontos centrais da presença do Estado na economia, como a forte defesa de educação e saúde públicas.

Ao mesmo tempo, a maior parte dos entrevista­dos também defende liberdades individuai­s e o favorecime­nto econômico de quem tem mais talento.

A divisão das opiniões e a contradiçã­o se revelam em outros pontos da pesquisa.

Dois terços dos entrevista­dos acreditam que a competição e o livre mercado revelam o melhor das pessoas. Em uma linha semelhante, pouco mais da metade dos entrevista­dos acredita que a liberdade individual é mais importante do que a justiça social.

E quase 70% acham que é certo que as pessoas com mais talento ganhem mais do que as que têm menos.

No caso brasileiro, os resultados também indicam forte contradiçã­o na forma como a população pensa a relação entre o Estado e a economia.

Pelo levantamen­to, 57% aprovam o socialismo, mas 50% acham que o ele é um sistema de opressão —o que indica que, para quase 1 em cada 10 brasileiro­s, o socialismo é os dois ao mesmo tempo.

A margem de erro da sondagem no Brasil é de 3,5 pontos percentuai­s para cima ou para baixo.

Outro ponto que chama atenção é que, por mais que o socialismo tenha apoio de mais da metade da população, 78% dos entrevista­dos do Brasil defendem o livre mercado como um sistema que revela o melhor das pessoas.

O Brasil é o segundo país em que menos pessoas acham que os ricos deveriam pagar mais impostos para ajudar os das pessoas que respondera­m a sondagem da Ipsos acham que os ideais socialista­s têm valor para o progresso da sociedade dos entrevista­dos no mundo dizem que a classe trabalhado­ra é bem representa­da na política. Na Arábia Saudita, são 64% dos russos defendem a renda mínima universal, ante 69% na média global. No Brasil, a medida tem o apoio de 73% pobres (66%). O país fica atrás apenas da África do Sul (58%).

Só 22% dos brasileiro­s acham que a classe trabalhado­ra está bem representa­da politicame­nte. A média global é de 33%.

A contradiçã­o da defesa simultânea de socialismo e capitalism­o se repete em muitos países, mas, como a pesquisa foi realizada em nações que seguem modelos políticos e econômicos diferentes, ela revela certa separação geográfica na forma como o socialismo é interpreta­do.

A China, por exemplo, é o país onde mais se defende o socialismo como forma de alcançar o progresso (84%) e um dos que menos acreditam que a liberdade individual é mais importante do que a justiça social (37%).

Os EUA, por outro lado, defendem mais liberdade individual (66%), estão entre os que menos acham que socialismo traz progresso (39%) e mais veem no socialismo opressão (61%).

‘nothingbur­ger’ No alto da home e no aplicativo do New York Times, “O hambúrguer de nada de Netanyahu”. O primeiro-ministro israelense “não citou prova de que o Irã violou acordo nuclear”. Também no Drudge Report, com AFP, “Alegações sobre armas nucleares fracassam em convencer proponente­s” do acordo, como a França. Os EUA devem abandonar o acordo no dia 12 “ou antes”, diz Trump. MAIO DE 18 COLAPSO

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Canais como o chinês CGTN e jornais como NYT recorreram a imagens de celular para vídeos do incêndio em SP
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Nas manchetes de Le Monde, com a foto, e Le Figaro, a violência no 1º de Maio em Paris, com 1.200 ‘black blocs’

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