Folha de S.Paulo

Próximo presidente terá o pior caixa desde 1997

- -Maeli Prado Fabio Klein

brasília Com o teto de gastos, o próximo presidente da República terá no seu primeiro ano de mandato a menor margem para despesas em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) desde 1997, quando começa a série histórica oficial.

As despesas não obrigatóri­as, formadas principalm­ente por investimen­tos e gastos com custeio da máquina pública, representa­rão 3,09% da atividade econômica no próximo ano, segundo projeção do PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentár­ias).

De acordo com os dados disponívei­s do Tesouro Nacional, em 1999, primeiro ano do segundo governo Fernando Henrique Cardoso, essa margem era de 3,7% do PIB.

Luiz Inácio Lula da Silva iniciou seus mandatos em 2003 e 2007 com 3,1% e 3,6%, respectiva­mente; Dilma Rousseff teve à disposição 4,1%, em 2011, e 4,2%, em 2015.

Do total de R$ 233,4 bilhões de gastos sobre os quais o governo terá algum nível de controle apenas em 2019, R$ 98,4 bilhões são de despesas totalmente livres de obrigação.

É um valor R$ 15,6 bilhões menor do que o disponível em 2017, quando as restrições orçamentár­ias provocaram demissões de terceiriza­dos, corte de bolsas de estudo em universida­des e até a paralisaçã­o de serviços, como emissão de passaporte­s pela Polícia Federal.

“Esse cenário é praticamen­te insustentá­vel”, afirma Fabio Klein, economista especializ­ado em contas públicas da consultori­a Tendências.

“Fica claro que a capacidade de cortar gastos de forma substantiv­a é cada vez menor”, avalia.

A questão é preocupant­e, como explica Manoel Pires, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas) e secretário de Política Econômica no governo Dilma.

Para Pires, não é porque a despesa não é obrigatóri­a que é irrelevant­e. “Há vários gastos que não são facilmente comprimíve­is. As despesas com o serviço de controle do espaço aéreo é um deles”, afirma.

Outro caso delicado são os gastos com manutenção de estradas e obras em andamento. No ano passado, as despesas do governo com essa rubrica foram de R$ 47,5 bilhões, o menor valor desde 2010.

“Quando se investe pouco por muito tempo, as estradas vão ficando depreciada­s. Em 2004 e 2005, após anos de baixo investimen­to, os acidentes dispararam”, lembra Pires.

Para 2019, a programaçã­o economista da consultori­a Tendências significa uma percepção de mercado muito ruim, afetando preços de ativos, sem falar na entrada em vigor dos gatilhos do teto”, diz Klein.

Outra opção seria revogar a regra, o que precisaria ser feito por meio de outra PEC, com necessidad­e de aprovação de três quintos do Congresso Nacional, em dois turnos.

Sem controle de gastos obrigatóri­os, margem é de R$ 52,4 bi em 2021

Esse cenário é praticamen­te insustentá­vel. (...) No primeiro ano, [o presidente] tende a ter mais força para aprovar medidas

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