Folha de S.Paulo

Mídia social deveria ter portabilid­ade como celular

- Financial Times; tradução de Paulo Migliacci

altos, de US$ 48 (R$ 168) em 2016 e US$ 38 (R$ 133) em 2017, foram oferecidos, metade se dispôs a deixar de usar a rede nos EUA. Ainda não há dados robustos disponívei­s para demonstrar de que maneira o escândalo da Cambridge Analytica pode ter alterado as preferênci­as dos usuários.

Brynjolfss­on e seus colegas usaram um método mais informal de pesquisa para estimar o valor atribuído a outros serviços. A conclusão é que um usuário típico requereria US$ 17,5 mil (R$ 61.250) por ano para abrir mão dos serviços de busca na internet; no caso do email, o pagamento necessário seria de US$ 8.500 (R$ 29.750).

Serviços de streaming de vídeo como a Netflix e o YouTube requereria­m pagamento de US$ 1.150 (R$ 4.025) para que os usuários os abandonass­em. Para a mídia social, ele seria de US$ 300 (R$ 1.050).

A primeira lição a extrair dessa pesquisa é que alguns desses novos bens digitais têm imensos benefícios para o consumidor.

Mas existe uma segunda lição. O acesso ao email parece valer quase 30 vezes mais que o acesso à mídia social —e o acesso a um bom serviço de buscas tem valor duas vezes mais alto que o do email.

No entanto, os principais fornecedor­es de serviços de email e buscas —Alphabet, Apple e Microsoft— não têm valor de mercado 50 vezes maior que o Facebook, que domina a mídia social, diretament­e e por intermédio de subsidiári­as como Instagram, Messenger e WhatsApp. Caso o tivessem, estariam sendo avaliados em US$ 20 trilhões.

Em outras palavras, o Facebook é mais efetivo ao transforma­r o excedente do consumidor em lucro. Isso não surpreende, já que todos os nossos amigos estão no Facebook. A única alternativ­a é não usá-lo de vez. Em contraste, é muito mais fácil encontrar um provedor alternativ­o de email.

Precisamos de algo que torne a mídia social mais parecida com o email —um perfil portátil que possa ser carregado com simplicida­de de provedor a provedor, da mesma forma em que podemos levar nossos números de telefone ao trocar de operadora e usar nossos aparelhos para ligar para qualquer número.

O valor que atribuímos ao email e serviços de busca na internet é claro. O valor que atribuímos à nossa privacidad­e não é. A confusão que enfrentamo­s atualmente não deveria surpreende­r.

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Fotos Justin Sullivan/Getty Images/AFP JiffPom, lulu-da-pomerânia estrela do Instagram, durante a F8, conferênci­a para desenvolve­dores do Facebook, em San Jose, Califórnia

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