Como identificar e parar o abuso sexual
Possíveis sinais em crianças e adolescentes
• Comportamento sexual inadequado
• Agressividade, ansiedade, vergonha ou pânico
• Mudanças de hábito, como sono, falta de concentração e aparência descuidada
• Piora no desempenho escolar
• Problemas causados por estresse, como dor de cabeça e dificuldades digestivas
• Baixa autoestima, depressão ou automutilação
• Marcas de agressão e sangue ou corrimento na calcinha
• Proximidade excessiva com parente ou conhecido
O que fazer se notar sinais
• Interrompa o contato entre a criança e o abusador
• Ouça e acolha, não questione seu relato
• Mostre empatia, mas não pânico ou espanto; isso pode assustá-la ainda mais
• Leve-a a uma avaliação e tratamento especializados
• Denuncie
Quem procurar
• Disque 100 (encaminha o caso a órgãos competentes)
• Centros de Referência de Assistência Social (Cras ou Creas)
• Instituto Sedes e outras clínicas conveniadas com a Prefeitura de SP
• Serviços de saúde, como UBSs e pronto-socorro
• Delegacias especializadas (da mulher ou da infância)
• Conselho Tutelar
• Ministério Público já mostravam sobre essas vítimas: predominam crianças (47% têm até 13 anos) e meninas. Na maior parte dos casos, os agressores são membros da família e os abusos ocorrem dentro de casa.
No caso de Clara, os estupros só pararam porque seus pais deram uma chave para que ela trancasse o quarto. O irmão levou uma bronca e ficou sem carro por um mês. Ela fez terapia por anos, o que permite que ela fale sobre isso hoje, mas não sem a voz embargada e algumas lágrimas.
Foi diferente com Joyce Dias, 20, que contou sua história pela primeira vez para esta reportagem. “Me calei e me calo até hoje, e aquilo me corrói.”
O que a corrói é a lembrança do dia em que seu melhor amigo da escola apareceu em sua casa, abaixou as calças e disse: “Mama, sua vagabunda”. Aos sussurros de “fraca, fraca, fraca”, ela fez o que ele pediu forçadamente. Depois, vomitou por quatro dias. “Ele me fez um mal irreparável.”
O psicólogo Antonio Rivaldo de Lima, do Instituto Sedes, explica esse mal irreparável com uma comparação. “Imagine que alguém jogue uma gota d’água em uma daquelas fileiras de formigas. É a mesma coisa. A criança está seguindo seu curso normal e vem alguém e interrompe.”
O principal sinal de que essa ruptura aconteceu, diz, é a vítima desenvolver um comportamento sexualizado não condizente com a idade — além de depressão ou queda do rendimento escolar.
“Esse conhecimento chegou até essas crianças antes de elas estarem preparadas, o que as deixa confusas. Na maioria dos casos é por alguém que ela ama, mas ela sabe que está acontecendo algo estranho.”
Era exatamente isso que Bia (nome fictício), 20, sentia aos 12 anos quando seu padrasto encostava o pênis em sua perna debaixo da coberta enquanto eles assistiam filmes juntos, ou quando ele se masturbava