Folha de S.Paulo

Saúde de ex-presidente dos EUA George Bush pode ter piorado por coração partido

- Gina Kolata Benedict Carey The New York Times, tradução de Clara Allain Marcelo Viana Matemático e diretor-geral do Impa, é ganhador do Prêmio francês Louis D.

Foi o coração partido que levou George H. W. Bush, o 41º presidente dos EUA, ao hospital apenas um dia após o funeral de sua esposa, Barbara?

Os Bush foram casados por 73 anos. Eram aliados, confidente­s um do outro e as âncoras de uma dinastia política. Na terça (1º) circularam especulaçõ­es que a morte de Barbara Bush pode ter mergulhado o ex-presidente numa espiral médica descendent­e.

Pesquisado­res já relataram casos de problemas de saúde que acompanham o luto, especialme­nte após a perda de um cônjuge. A atriz Debbie Reynolds morreu um dia após sua filha amada, Carrie Fisher. Johnny e June Cash, após um casamento de muitos anos, morreram com um intervalo de poucos meses.

Mas, se esse vínculo de fato existe —o que muitos especialis­tas não acreditam—, ele parece ser bastante raro. “O fenômeno se deve em grande medida à memória seletiva”, diz Donald Berry, estatístic­o do MD Anderson Cancer Center, em Houston.“Todos conhecemos casos assim e eles se fixam na nossa memória.”

Isso não significa que o luto profundo não possa, em ocasiões raras, colocar o organismo em queda livre. A mais conhecida dessas razões é a chamada síndrome do coração partido. Mas não é fácil traçar uma linha reta entre a morte de um cônjuge e o subsequent­e declínio físico do outro.

No primeiro grande estudo sobre o caso, médicos da Escola de Medicina da Universida­de Johns Hopkins analisaram 18 mulheres e um homem que receberam atendiment­o coronarian­o por apresentar­em dores no peito após sofrer eventos traumático­s, incluindo a morte de um cônjuge. A maioria tinha meiaidade ou era mais velha, mas duas das pessoas eram adultos jovens. Todas as 19 pessoas sobreviver­am. Acho que para mim a matemática sempre existiu.

Aos cinco anos de idade, andava de mãos dadas com minha mãe, que também foi minha primeira professora. Ela para por instantes na praça da pequena aldeia onde morávamos, em Portugal, para me ensinar a ver as horas no relógio da igreja.

Era uma manhã fria mas ensolarada, e eu ainda lembro as explicaçõe­s sobre o ponteiro grande e o pequeno.

Por essa altura também, meu pai chega com uma frase de efeito: “Afinal de contas, 7 cigarros são 14 pontas!” Não significa nada, mas serve de motivo para descobrirm­os juntos que “6 cigarros são 12 pontas” etc. Depois de “1 cigarro são 2 pontas” pergunta, capciosame­nte: “então meio cigarro é uma ponta só?”. Sorri, ao ver que o filho não cai fácil assim.

Pais são fundamenta­is, professore­s também. Dei sorte de ter tido bons professore­s de matemática. Foram cinco, começando com minha mãe, e recordo cada um deles.

No ensino médio, a professora D. Maria da Glória me deu de presente o livro “Métodos matemático­s para as ciências físicas”, do francês Laurent Schwartz.

Não entendi muita coisa, mas fiquei fascinado com o método dele para “derivar funções que não podem ser derivadas”. Mesmo sem saber, ainda, que esse trabalho rendera a Schwartz a medalha Fields, a premiação mais cobiçada da matemática.

A paternidad­e também é uma chance para redescobri­r o mundo pelos olhos de outros. Um destes dias a minha filha chegou em casa fascinada: “Sabia que em inglês A tem som de E, E tem somdeIeIte­msomdeA?É um triângulo, papai!”

Poucos virão a ser matemático­s profission­ais. Mas, para todos, a matemática precisa estar presente, em menor ou maior grau, como condição de cidadania e realização. Por isso é tão importante populariza­rmos a matemática na nossa sociedade, ainda tão desconhece­dora de sua importânci­a e seus encantos.

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14.nov.1988 - Kathy Willens/AP George Bush e sua esposa Barbara
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