Folha de S.Paulo

Com Carmelo Arden Quin e Julia Keter, galerias irmãs são abertas em São Paulo

- -Isabella Menon

são paulo Com 35 anos de existência em Curitiba, a Simões de Assis Galeria de Arte, do arquiteto Waldir Simões de Assis, acaba de abrir um espaço também em São Paulo.

Nos Jardins, a galeria divide os 650 m² com a SIM Galeria —criada, em 2011, pela filha de Waldir, Laura Simões de Assis—, que também abre as portas na cidade.

As galerias irmãs se concentram em recortes e artistas de épocas diferentes.

A Simões de Assis Galeria de Arte é focada em obras modernista­s; a SIM, na arte contemporâ­nea.

Para a inauguraçã­o, a Simões de Assis realiza a exposição “A Utopia Modernista”, individual dedicada ao artista uruguaio Carmelo Arden Quin (1913-2010), com obras da sua produção de 1940 a 2000.

Arden Quin se estabelece­u na Argentina na década de 1930. Na época, países latinos enfrentava­m golpes de Estado, o que acabou reverberan­do nas artes, com o surgimento de alguns movimentos.

O artista uruguaio foi um dos fundadores do Madí, que começou na Argentina e quebrou paradigmas, como a abolição das molduras, e instalou a total liberdade para a utilização de formas geométrica­s irregulare­s.

O manifesto do grupo, de 1946, diz que Madí “confirma o desejo do homem de inventar objetos ao lado da humanidade, lutando por uma sociedade sem classes que libera a energia e domina o espaço e o tempo em todos os sentidos”.

Pintor, escultor e poeta, Arden Quin obteve grande reconhecim­ento internacio­nal. Obras suas, por exemplo, integram o acervo do MoMA, em Nova York, e da Tate, em Londres. Mas ele não teve grande destaque no Brasil.

“No Brasil, ele foi visto só em Bienais”, diz Waldir Simões de Assis, que pretende torná-lo mais conhecido no país com a exposição que fica em sua galeria até 19 de maio.

A SIM, por sua vez, é inaugurada em São Paulo com “Zonas de Gatilho”, individual de Julia Kate. Nela, a artista mostra sua técnica de utilizar sobreposiç­ões de imagens para criar uma narrativa.

As fotografia­s ali presentes fogem do comum. Corpos são recortados fora, e a artista deixa apenas suas silhuetas. Faz o mesmo com paisagens. Nos vazios, Kater insere outras imagens, transmitin­do sensação de volume.

“No momento que você retira a figura, de alguma forma você a está deixando livre, o que amplia as possibilid­ades de interpreta­ção”, diz Kater à Folha.

Laura Simões de Assis, à frente da SIM, afirma que as mostras de Carmelo Arden Quin e de Julia Kater dialogam.

“Assim como a Julia trabalha com recortes, o Carmelo também foge da forma rígida em seus trabalhos”, diz.

A Utopia Modernista

Simões de Assis Galeria, r. Sarandi 113, grátis, tel. (11) 3062-8980, seg. a sex. das 10h às 19h, até 19/5

Zonas de Gatilho

SIM Galeria, r. Sarandi, 113, tel. (11) 3062-8980, grátis, seg. a sex. das 10h às 19h e sáb. 10h às 15h, até 19/5

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