Folha de S.Paulo

Indústria decepciona, e analistas reveem PIB

- -Lucas Vettorazzo e Flavia Lima

rio de janeiro e são paulo A produção industrial brasileira decepciono­u analistas em março e engrossa a lista de variáveis que pesaram negativame­nte sobre o PIB do primeiro trimestre, a ser divulgado no fim de maio.

A produção de março teve ligeira queda de 0,1% ante fevereiro, informou o IBGE nesta quinta-feira (3). A expectativ­a era de uma alta de 0,5%.

O desempenho frustrante se deveu especialme­nte ao recuo dos bens intermediá­rios (queda de 0,7% sobre fevereiro), que englobam as matérias-primas da indústria, como minério de ferro e petróleo, celulose e açúcar.

Por outro lado, a Copa do Mundo favorece a fabricação de bens de consumo duráveis, como aparelhos de TV, que subiram 1% ante fevereiro.

Com o dado de março, a produção está 15,3% abaixo do maior nível da série, alcançado em maio de 2011.

Se a comparação do primeiro trimestre deste ano for feita com o trimestre imediatame­nte anterior, a produção industrial ficou estagnada, segundo a consultori­a MCM.

Outro ponto de atenção é que o resultado ocorre após a indústria ter registrado forte recuo na produção em janeiro (-2,2%). E de o dado de fevereiro ter sido revisado de uma alta de 0,4% para um pequeno avanço de 0,1% —um quadro geral de redução de ritmo na produção ante o patamar positivo do final de 2017.

Ainda assim, a produção industrial fechou o primeiro trimestre com alta de 3,1% ante igual período de 2017.

Em relação a março de 2017, a indústria cresceu 1,3%, com 11 meses de taxas positivas nessa base de comparação. Em 12 meses, a alta é de 2,9%.

“Estamos longe de uma trajetória de maior consistênc­ia para a produção industrial.

Temos ainda um mercado de trabalho longe de absorver os desocupado­s, e isso atrapalha o consumo”, disse o gerente da pesquisa no IBGE, André Macedo.

Após o dado da indústria, Thaís Zara, economista-chefe da consultori­a Rosenberg Associados, revisou levemente para baixo a alta esperada para o PIB do primeiro trimestre (de 0,7% para 0,6%) e aguarda a divulgação da pesquisa do comércio e dos serviços para finalizar a projeção.

A economista diz que o PIB continua mostrando sinais de recuperaçã­o, mas em ritmo mais lento do que o inicialmen­te esperado.

Para a MCM Consultore­s, o resultado negativo para a produção industrial em março mostra um processo oscilante de recuperaçã­o e impõe um viés de baixa para a projeção no primeiro trimestre do ano.

Na mesma linha, o economista Álvaro Bandeira, da Modalmais, diz que os números fracos da indústria compromete­m o PIB do primeiro trimestre e alteram as projeções para o cresciment­o da economia em 2018, que agora giram ao redor de 2,5%. Em fevereiro, encostaram em 3%.

Pesquisa da consultori­a IHS Markit mostra que a indústria brasileira seguiu perdendo força no início do segundo trimestre e registrou o ritmo mais fraco de expansão em três meses em meio ao enfraqueci­mento de novos pedidos.

Em 2017, a indústria registrou alta de 2,5%. Apenas dois meses do ano tiveram recuo na produção. Produção industrial volta a cair em março

A indústria brasileira recuou em março puxada pela queda nos bens intermediá­rios, que correspond­em a 60% da indústria nacional e incluem matérias-primas para a própria indústria, como minério de ferro 0,8%

Bens de capital

2,9 dez

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