Dólar cai para R$ 3,53 com alívio por ação do BC
Moeda também teve desvalorização em relação a 23 das 31 principais divisas globais, antes de dado de emprego nos EUA
são paulo O recado dado pelo Banco Central de que não vai deixar o dólar ter valorização brusca como a registrada na quarta-feira (2) —a moeda ganhou R$ 0,05 na sessão— trouxe alívio aos investidores nesta quinta-feira (3) e contribuiu para que a divisa americana recuasse para R$ 3,53.
A desvalorização ocorreu um dia depois de a autoridade monetária sinalizar que pode oferecer mais contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) do que a quantidade que vence em junho, para tentar conter a alta da moeda americana.
Em junho, vencem US$ 5,65 bilhões em swaps cambiais. Atualmente, o BC tem um estoque de US$ 23,8 bilhões de contratos.
“[O anúncio] Mostra que o Banco Central está disposto a intervir, eles foram muito prudentes. Foi inteligente em anunciar que talvez aumente o estoque de contratos. É um sinal ao mercado de que, se ele não ficar feliz com o dólar, pode aumentar o estoque de swaps”, afirma José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Ele diz que o dólar deve se acomodar num patamar em torno de R$ 3,50. “Não volta para R$ 3,20, é um patamar novo. O mercado testa, por isso achei inteligente o Banco Central falar que pode atuar para suavizar a alta do dólar.”
Para Gonçalves, a recente valorização do dólar teve influência ainda da redução da diferença de juros entre Estados Unidos e Brasil.
“A taxa real nos EUA não está mais negativa, essa que é a perspectiva de mudança que atrai investidores para os títulos do país”, diz.
A queda também ocorreu em relação à maioria das moedas globais: 23 das 31 principais divisas ganharam força ante o dólar nesta quinta.
Alexandre Wolwacz, sóciofundador do Grupo L&S, afirma que o recuo do dólar no exterior também colaborou para a queda da moeda americana nesta quinta.
“A expectativa de maior oferta de contratos de swaps pode ajudar a travar o dólar por horas, no máximo. Faz pressão no curto prazo, mas não muda uma tendência da moeda. Se não houvesse essa queda no exterior, a medida anunciada pelo BC poderia não ter impactado o dólar.”
Ele afirma que a tendência do dólar tem fundamento. “A economia americana cresce mais rápido do que outras economias mundiais, nós temos uma projeção de crescimento muito baixa no Brasil. Dólar cai após intervenção do BC Depois de atingir
R$ 3,55 na quarta, moeda americana recuou para R$ 3,53 nesta sessão 2.jan.2018 3,531 3.mai Então o mais provável é que o dólar se valorize, o que é ruim, porque pode afetar a inflação e deixar o governo numa saia justa”, afirma.
A preocupação é que esse impacto possa fazer o Banco Central repensar a queda de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) deste mês, em que se espera uma queda dos juros para 6,25% ao ano.
Mas Gonçalves, do Banco Fator, descarta essa possibilidade. “Não é o suficiente para que o Banco Central não corte os juros. A economia está ruim, não tem ninguém que mantenha a visão de ati- vidade neste ano por causa deste primeiro trimestre. Há um amplo espaço para que o câmbio varie sem pressionar a inflação”, diz.
Os investidores aguardam a divulgação de emprego nos EUA, nesta sexta (4). Em abril, a expectativa é de criação de 192 mil vagas no país.
Argentina eleva juro pela 2ª vez em uma semana, para 33,25%
buenos aires A Argentina elevou suas taxas de juros pela segunda vez em uma semana, depois que intervenções de mais de US$ 5 bilhões feitas pelo banco central do país não conseguiram conter uma forte queda do peso.
O banco central argentino pegou os mercados de surpresa nesta quinta-feira ao elevar os juros em três pontos percentuais, para 33,25%, apenas seis dias depois de ter subido a taxa para 30,25%.
A alta no dólar e a perspectiva de aumentos de juros por parte do Fed (banco central dos EUA) afetaram moedas de emergentes. Mas poucas foram tão prejudicadas quanto o peso argentino, que perdeu um quarto de seu valor nos últimos 12 meses.