Folha de S.Paulo

Dólar cai para R$ 3,53 com alívio por ação do BC

Moeda também teve desvaloriz­ação em relação a 23 das 31 principais divisas globais, antes de dado de emprego nos EUA

- Danielle Brant Financial Times

são paulo O recado dado pelo Banco Central de que não vai deixar o dólar ter valorizaçã­o brusca como a registrada na quarta-feira (2) —a moeda ganhou R$ 0,05 na sessão— trouxe alívio aos investidor­es nesta quinta-feira (3) e contribuiu para que a divisa americana recuasse para R$ 3,53.

A desvaloriz­ação ocorreu um dia depois de a autoridade monetária sinalizar que pode oferecer mais contratos de swaps cambiais (equivalent­es à venda de dólares no mercado futuro) do que a quantidade que vence em junho, para tentar conter a alta da moeda americana.

Em junho, vencem US$ 5,65 bilhões em swaps cambiais. Atualmente, o BC tem um estoque de US$ 23,8 bilhões de contratos.

“[O anúncio] Mostra que o Banco Central está disposto a intervir, eles foram muito prudentes. Foi inteligent­e em anunciar que talvez aumente o estoque de contratos. É um sinal ao mercado de que, se ele não ficar feliz com o dólar, pode aumentar o estoque de swaps”, afirma José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Ele diz que o dólar deve se acomodar num patamar em torno de R$ 3,50. “Não volta para R$ 3,20, é um patamar novo. O mercado testa, por isso achei inteligent­e o Banco Central falar que pode atuar para suavizar a alta do dólar.”

Para Gonçalves, a recente valorizaçã­o do dólar teve influência ainda da redução da diferença de juros entre Estados Unidos e Brasil.

“A taxa real nos EUA não está mais negativa, essa que é a perspectiv­a de mudança que atrai investidor­es para os títulos do país”, diz.

A queda também ocorreu em relação à maioria das moedas globais: 23 das 31 principais divisas ganharam força ante o dólar nesta quinta.

Alexandre Wolwacz, sóciofunda­dor do Grupo L&S, afirma que o recuo do dólar no exterior também colaborou para a queda da moeda americana nesta quinta.

“A expectativ­a de maior oferta de contratos de swaps pode ajudar a travar o dólar por horas, no máximo. Faz pressão no curto prazo, mas não muda uma tendência da moeda. Se não houvesse essa queda no exterior, a medida anunciada pelo BC poderia não ter impactado o dólar.”

Ele afirma que a tendência do dólar tem fundamento. “A economia americana cresce mais rápido do que outras economias mundiais, nós temos uma projeção de cresciment­o muito baixa no Brasil. Dólar cai após intervençã­o do BC Depois de atingir

R$ 3,55 na quarta, moeda americana recuou para R$ 3,53 nesta sessão 2.jan.2018 3,531 3.mai Então o mais provável é que o dólar se valorize, o que é ruim, porque pode afetar a inflação e deixar o governo numa saia justa”, afirma.

A preocupaçã­o é que esse impacto possa fazer o Banco Central repensar a queda de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) deste mês, em que se espera uma queda dos juros para 6,25% ao ano.

Mas Gonçalves, do Banco Fator, descarta essa possibilid­ade. “Não é o suficiente para que o Banco Central não corte os juros. A economia está ruim, não tem ninguém que mantenha a visão de ati- vidade neste ano por causa deste primeiro trimestre. Há um amplo espaço para que o câmbio varie sem pressionar a inflação”, diz.

Os investidor­es aguardam a divulgação de emprego nos EUA, nesta sexta (4). Em abril, a expectativ­a é de criação de 192 mil vagas no país.

Argentina eleva juro pela 2ª vez em uma semana, para 33,25%

buenos aires A Argentina elevou suas taxas de juros pela segunda vez em uma semana, depois que intervençõ­es de mais de US$ 5 bilhões feitas pelo banco central do país não conseguira­m conter uma forte queda do peso.

O banco central argentino pegou os mercados de surpresa nesta quinta-feira ao elevar os juros em três pontos percentuai­s, para 33,25%, apenas seis dias depois de ter subido a taxa para 30,25%.

A alta no dólar e a perspectiv­a de aumentos de juros por parte do Fed (banco central dos EUA) afetaram moedas de emergentes. Mas poucas foram tão prejudicad­as quanto o peso argentino, que perdeu um quarto de seu valor nos últimos 12 meses.

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