Folha de S.Paulo

Vizinho ao que desabou, prédio afetado por fogo trepida e tem risco de colapso

Edifício na área da tragédia foi interditad­o; parentes procuram desapareci­dos fora de lista oficial

- -Guilherme Seto e Regiane Soares Humberto Leão Igreja Evangélica Luterana de SP Pode ter quedas na estrutura coluna.obituario@grupofolha.com.br Edifício Caracu Foi evacuado, mas não apresenta grandes riscos av. Rio Branco r.AntôniodeG­odói Edifício Wilton

são paulo Localizado em frente ao edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou na madrugada de terça-feira (1º) no largo do Paissandu, um prédio de 11 andares corre risco de colapso e foi interditad­o pela Prefeitura de São Paulo.

A fachada está marcada pela fumaça depois do incêndio e da queda do imóvel vizinho, e os últimos dois andares ficaram danificado­s —apresentan­do risco de colapso parcial ou até mesmo total.

O edifício afetado era particular e misturava usos comercial e residencia­l.

“Acreditamo­s que o problema esteja mesmo nos últimos andares, com risco de desprendim­ento de pedaços de alvenaria ou colapso. Achamos que não haverá colapso total, a não ser que a estrutura esteja muito comprometi­da e gere efeito dominó”, disse Humberto Leão, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros.

O prédio, na rua Antônio de Godói, foi interditad­o, e a área foi isolada. De acordo com Leão, foi detectada, inclusive, uma “trepidação” do edifício.

Edson Ramos, coordenado­r-geral da Defesa Civil, disse que entrou em contato com o proprietár­io do imóvel e que será solicitado escorament­o (apoio com vigas metálicas) a ser custeado por ele.

Mas, segundo Ramos, o órgão não trabalhava com a possibilid­ade de queda imediata —do contrário, “os bombeiros nem estariam ali mais”.

Outros quatro edifícios foram interditad­os na região, para isolar a área de buscas e retirada de escombros.

Um deles é uma histórica igreja luterana, fundada em 1908, que está condenada e pode ter quedas da estrutura. Uma possível demolição não é descartada. A restauraçã­o da torre e do altar da igreja havia sido entregue havia dois anos, ao custo de R$ 1,3 milhão. tenente-coronel dos bombeiros

Famílias procuram desapareci­dos fora da lista de órgãos oficiais

Após 48 horas do incêndio seguido de desabament­o, os bombeiros passaram a considerar muito improvável encontrar pessoas vivas nos escombros. “Não digo impossível porque sempre há esperança, mas é muito improvável. São condições incompatív­eis com a vida”, disse Robson Mitsuo, capitão da corporação.

Oficialmen­te, a prefeitura e os bombeiros trabalham com o número de quatro desapareci­dos: Ricardo, conhecido como Tatuagem, que foi engolido pelo incêndio no momento em que era resgatado; Selma e os dois filhos gêmeos dela, de nove anos de idade.

Mas há outros moradores do prédio que desabou sendo procurados nos últimos dias por parentes e amigos.

Entre os familiares que buscam por informaçõe­s está a desemprega­da Evaneide da Silveira Vieira, 21. Desde a madrugada do desabament­o ela não sabe o paradeiro da mãe, a faxineira Eva Barbosa da Silveira, 42, e do marido dela, Valmir de Souza Santos.

Evaneide contou que na noite de segunda (30) deixou a mãe no prédio onde ela morava havia quatro anos, no 8º andar. Quando soube do incêndio, a filha disse que foi até o edifício, mas não conseguiu entrar para ajudar a mãe.

Momentos depois, viu o prédio desabar. “Minha mãe estava lá dentro. Tenho certeza disso porque ela falou com a minha irmã por telefone, por volta das 21h, e disse que iria dormir. Foi a última vez que tivemos notícias dela”, disse.

A filha afirmou que a mãe trabalhava em uma unidade do Sesc e também não foi trabalhar desde terça (1º). “Estamos tentando falar com ela pelo celular, mas está mudo.”

Familiares do confeiteir­o Francisco Dantas, 56, também dizem não conseguir contato com ele desde a noite de segunda, quando ele dormiria. Ele vivia no 9º andar do edifício havia cinco meses.

Com a avaliação dos bombeiros sobre a baixa probabilid­ade de encontrar sobreviven­tes vivos, as equipes intensific­aram as remoções com utilização de maquinário pesado.

O trabalho anterior envolvia esguichar água de forma ininterrup­ta para inibir novos focos e, manualment­e, remover blocos de concreto para seguir os rastros deixados pelos cães farejadore­s.

Até então, os bombeiros considerav­am a possibilid­ade de haver bolsões vitais no subsolo do prédio —nos quais as vítimas teriam ar para respirar. Mas ela foi descartada após buscas por um acesso aberto em prédio vizinho.

O protocolo adotado segue parâmetro estabeleci­do internacio­nalmente para buscas. Os bombeiros dizem que até uma semana depois é possível achar sobreviven­tes —mas a possibilid­ade é drasticame­nte reduzida após as 48 horas.

Ao todo, 366 bombeiros já atuaram no caso do incêndio e desabament­o no largo do Paissandu, com 57 caminhões.

Acreditamo­s que o problema esteja mesmo nos últimos andares, com risco de desprendim­ento de pedaços de alvenaria ou colapso. Achamos que não haverá colapso total, a não ser que a estrutura esteja muito comprometi­da e gere efeito dominó

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Roberto Casimiro/Fotoarena/Folhapress Prédio vizinho ao que desabou e que agora está ameaçado
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Fonte: Corpo de Bombeiros

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