Vizinho ao que desabou, prédio afetado por fogo trepida e tem risco de colapso
Edifício na área da tragédia foi interditado; parentes procuram desaparecidos fora de lista oficial
são paulo Localizado em frente ao edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou na madrugada de terça-feira (1º) no largo do Paissandu, um prédio de 11 andares corre risco de colapso e foi interditado pela Prefeitura de São Paulo.
A fachada está marcada pela fumaça depois do incêndio e da queda do imóvel vizinho, e os últimos dois andares ficaram danificados —apresentando risco de colapso parcial ou até mesmo total.
O edifício afetado era particular e misturava usos comercial e residencial.
“Acreditamos que o problema esteja mesmo nos últimos andares, com risco de desprendimento de pedaços de alvenaria ou colapso. Achamos que não haverá colapso total, a não ser que a estrutura esteja muito comprometida e gere efeito dominó”, disse Humberto Leão, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros.
O prédio, na rua Antônio de Godói, foi interditado, e a área foi isolada. De acordo com Leão, foi detectada, inclusive, uma “trepidação” do edifício.
Edson Ramos, coordenador-geral da Defesa Civil, disse que entrou em contato com o proprietário do imóvel e que será solicitado escoramento (apoio com vigas metálicas) a ser custeado por ele.
Mas, segundo Ramos, o órgão não trabalhava com a possibilidade de queda imediata —do contrário, “os bombeiros nem estariam ali mais”.
Outros quatro edifícios foram interditados na região, para isolar a área de buscas e retirada de escombros.
Um deles é uma histórica igreja luterana, fundada em 1908, que está condenada e pode ter quedas da estrutura. Uma possível demolição não é descartada. A restauração da torre e do altar da igreja havia sido entregue havia dois anos, ao custo de R$ 1,3 milhão. tenente-coronel dos bombeiros
Famílias procuram desaparecidos fora da lista de órgãos oficiais
Após 48 horas do incêndio seguido de desabamento, os bombeiros passaram a considerar muito improvável encontrar pessoas vivas nos escombros. “Não digo impossível porque sempre há esperança, mas é muito improvável. São condições incompatíveis com a vida”, disse Robson Mitsuo, capitão da corporação.
Oficialmente, a prefeitura e os bombeiros trabalham com o número de quatro desaparecidos: Ricardo, conhecido como Tatuagem, que foi engolido pelo incêndio no momento em que era resgatado; Selma e os dois filhos gêmeos dela, de nove anos de idade.
Mas há outros moradores do prédio que desabou sendo procurados nos últimos dias por parentes e amigos.
Entre os familiares que buscam por informações está a desempregada Evaneide da Silveira Vieira, 21. Desde a madrugada do desabamento ela não sabe o paradeiro da mãe, a faxineira Eva Barbosa da Silveira, 42, e do marido dela, Valmir de Souza Santos.
Evaneide contou que na noite de segunda (30) deixou a mãe no prédio onde ela morava havia quatro anos, no 8º andar. Quando soube do incêndio, a filha disse que foi até o edifício, mas não conseguiu entrar para ajudar a mãe.
Momentos depois, viu o prédio desabar. “Minha mãe estava lá dentro. Tenho certeza disso porque ela falou com a minha irmã por telefone, por volta das 21h, e disse que iria dormir. Foi a última vez que tivemos notícias dela”, disse.
A filha afirmou que a mãe trabalhava em uma unidade do Sesc e também não foi trabalhar desde terça (1º). “Estamos tentando falar com ela pelo celular, mas está mudo.”
Familiares do confeiteiro Francisco Dantas, 56, também dizem não conseguir contato com ele desde a noite de segunda, quando ele dormiria. Ele vivia no 9º andar do edifício havia cinco meses.
Com a avaliação dos bombeiros sobre a baixa probabilidade de encontrar sobreviventes vivos, as equipes intensificaram as remoções com utilização de maquinário pesado.
O trabalho anterior envolvia esguichar água de forma ininterrupta para inibir novos focos e, manualmente, remover blocos de concreto para seguir os rastros deixados pelos cães farejadores.
Até então, os bombeiros consideravam a possibilidade de haver bolsões vitais no subsolo do prédio —nos quais as vítimas teriam ar para respirar. Mas ela foi descartada após buscas por um acesso aberto em prédio vizinho.
O protocolo adotado segue parâmetro estabelecido internacionalmente para buscas. Os bombeiros dizem que até uma semana depois é possível achar sobreviventes —mas a possibilidade é drasticamente reduzida após as 48 horas.
Ao todo, 366 bombeiros já atuaram no caso do incêndio e desabamento no largo do Paissandu, com 57 caminhões.
Acreditamos que o problema esteja mesmo nos últimos andares, com risco de desprendimento de pedaços de alvenaria ou colapso. Achamos que não haverá colapso total, a não ser que a estrutura esteja muito comprometida e gere efeito dominó