Folha de S.Paulo

‘Mulher-fortaleza’, falava cinco línguas e tocava piano

- -Flávia Faria NORA RAQUEL ANZARUT DE SARUE 7º DIA MARIA TEIXEIRA FERREIRA

IVETTE FADUL KURBAN (1925-2018) são paulo Ivette Fadul Kurban dominava cinco línguas. Para os filhos, Mauro e Ricardo, costumava cantar, em alemão, alguns versos da canção “Lili Marleen”.

O árabe praticava em casa, com os pais sírios, que

chegaram ao Brasil nos primeiros anos do século 20. Também falava francês, inglês e, claro, português. Não suficiente, aprendeu ainda criança a tocar piano.

O dom para línguas fez com que Ivette escolhesse cursar letras anglo-germânicas na USP. Foi uma das primeiras mulheres de ascendênci­a síria a concluir a graduação, nos idos dos anos 1940.

Mais jovem de uma família de seis filhos, era tão bonita que, certo dia, andando pelas ruas de São Paulo, uma mulher, impression­ada, pediu para tirar uma foto sua.

Guardou a fotografia a vida inteira, em um porta-retratos na sala de visitas.

Casou-se em 1962 com o advogado de ascendênci­a libanesa Raif Kurban, morto em 2012. Ao todo, foram 50 anos juntos. Seus dois filhos seguiram a profissão do pai.

Já na velhice, superou problemas de saúde causados por quedas e também uma cirurgia. Recuperou-se tão bem que ganhou dos filhos o apelido de mulher-fortaleza.

Nos últimos anos, a demência senil levou suas memórias. Conservou, porém, o olhar terno com que tantas vezes brindou os parentes e amigos.

Ivette morreu anos 92 anos, em São Paulo, vítima de insuficiên­cia cardiorres­piratória. Era 7 de abril, dia da cerimônia do “Hajme” (ressurreiç­ão), comemorado no sábado da Páscoa ortodoxa. Para os fiéis, uma data muito simbólica.

Ela deixa os dois filhos, Mauro e Ricardo, e muitos sobrinhos, sobrinhos-netos e sobrinhos-bisnetos.

Aos 88, viúva. Cemitério Israelita de São Paulo. Avenida Eng. Heitor Antonio Eiras Garcia, 5.530, Butantã. Neste sábado (5/5), às 10h45, na Casa São Pedro Fourier. Avenida Marechal Juarez Távora, 335, Morumbi.

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