Folha de S.Paulo

Mundial por equipes de tênis de mesa reúne atletas de 10 a 55 anos

Mesa-tenista mais jovem da competição, Fathimath Dheema, 10, das Maldivas, viajou para o torneio acompanhad­a pela mãe

- -Guilherme Costa Hugo Hoyama Técnico da seleção feminina de tênis de mesa

halmstad (suécia) O Mundial de tênis de mesa por equipes de Halmstad, na Suécia, reúne atletas da categoria adulta. Mas alguns dos esportista­s que estão na disputa poderiam competir em torneios infantis, juvenis ou até master.

Entre os mais de 500 atletas de 84 países que participam da competição, estão veteranos como o luxemburgu­ês Traian Ciociu, de 55 anos, e a chinesa naturaliza­da luxemburgu­esa Ni Xialian, de 54. Mas também crianças como a jogadora das Maldivas Fathimath Dheema Ali, de apenas 10 anos.

O tênis de mesa é uma das modalidade­s olímpicas com maior amplitude etária, na qual a idade e o preparo físico não são tão importante­s para o resultado final quanto outros aspectos técnicos.

Para Hugo Hoyama, técnico da seleção brasileira feminina e que, como jogador, ganhou dez ouros em Jogos PanAmerica­nos, essa disparidad­e se dá porque há várias formas de jogar tênis de mesa.

“Cada um tem seu estilo. Defensivo, agressivo, vários tipos de golpes... Se você tem experiênci­a e sabe onde colocar a bola, isso ajuda em relação ao esforço físico”, diz o exjogador, que participou da seleção até os 43 anos.

“A luxemburgu­esa, por exemplo, não se mexe muito durante o jogo”, completa.

A brasileira Jessica Yamada, 28, enfrentou Ni Xialian na última segunda-feira (30). Ela diz que o jogo que a veterana luxemburgu­esa consegue fazer hoje vem de uma base muito forte nos anos 1980, quando morava na China.

“Ela tem um jogo que é só dela, é bem diferente das outras. Muito mais que o físico, a cabeça é muito importante. Ela teve uma base incrível na China, isso permite que ela jogue muitos anos. Tudo começa no início da carreira”, diz a brasileira, que perdeu para a rival por 3 a 0.

Xialian é profission­al há quase 40 anos. Foi campeã mundial de duplas em 1983, ainda representa­ndo a China. Atualmente é a principal jogadora de Luxemburgo, país que defende desde 1989, e é a 51ª colocada do ranking mundial.

Por outro lado, um adolescent­e vem roubando a cena desde o ano passado no tênis de mesa. O japonês Tomokazu Harimoto, de 14 anos, é 13º do ranking e está sendo destaque da sua seleção na Suécia.

Ele tem até o momento três vitórias e apenas uma derrota na competição. Seu objetivo é levar o Japão ao topo do pódio, algo que não acontece em mundiais desde 1969.

Ele não é o único atleta precoce no Mundial. Há seis jogadoras com 13 ou menos anos no torneio. A caçula, Fathimath Dheema Ali, de dez anos, está na Suécia com a mãe.

“Estou muito feliz de vir e representa­r meu país. É um sentimento muito bom e ainda posso jogar com os meus ídolos, como Ding Ning, da China. É um grande momento e eu vou aproveitar todos os dias”, disse a atleta.

Algumas modalidade­s colocam limite de idade para seus atletas. Uns para baixo, como é o caso da ginástica, que não permite competidor­as com menos de 15 anos em torneios adultos. Outros para cima, como faz o boxe olímpico. Atletas com mais de 40 são proibidos de lutar.

O presidente da Federação Internacio­nal de Tênis de Mesa, o alemão Thomas Weikert, não imagina um limite de idade em seu esporte.

“Um dos melhores jogadores do mundo tem 14 anos, mais isso é uma raridade. Não vale a pena ter limite para proibir os poucos mais novos. É bom para o esporte ter atletas de todas as idades”, disse.

A seleção brasileira masculina, que passou nesta quinta (3) pela Croácia e enfrentará a Alemanha nas quartas de final nesta sexta (4), às 13h (de Brasília), não tem nenhum atleta entre os mais novos, tampouco no grupo dos mais velhos.

A média de idade da equipe nacional, formada por Hugo Calderano (21 anos), Vitor Ishiy (22), Eric Jouti (24) e Gustavo Tsuboi (32), é a mesma do campeonato: 25 anos. Atletas mais jovens e mais velhos no Mundial de tênis de mesa e em mundiais de outras categorias

Cada um tem seu estilo. Defensivo, agressivo, vários tipos de golpes... Se você tem experiênci­a e sabe onde colocar a bola, isso ajuda em relação ao esforço físico

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