Experimenta Portugal começa hoje com homenagens à língua
Evento vai até julho e conta com shows, debates, stand-up, exposições e filme
são paulo A quarta edição do Experimenta Portugal, conjunto de eventos culturais em São Paulo com artistas portugueses e brasileiros, começa nesta sexta-feira (4).
Nos primeiros dias da programação, que vai até julho, o evento terá atividades em homenagem ao Dia Internacional da Língua Portuguesa, algumas delas gratuitas (veja quadro ao lado).
A mesa de abertura, nesta sexta (4), às 19h, no consulado português, debaterá a carreira do filósofo lusitano Agostinho da Silva (1906-94), responsável pelo desenvolvimento de projetos educativos em Portugal e no Brasil.
No dia seguinte, haverá uma mesa sobre a homenageada deste ano na Flip, Hilda Hilst, mediado pelo português Fernando Lemos. Para as mesas, a entrada é gratuita.
A curadora da programação em homenagem à língua portuguesa, Isabella Lenzi, defende que o tema deve ir além de um suposto protagonismo linguístico de Portugal.
“Temos que pensar em termos populacionais. A língua portuguesa é a quarta mais falada no mundo, mas não é Portugal que contém o maior número das pessoas que falam essa língua. Por mais que a língua tenha saído de Portugal, quando chega às colônias está totalmente modificada”, diz Lenzi.
O principal evento do Experimenta acontecerá no sábado (5), com um show do brasileiro Gilberto Gil e da portuguesa Carminho na Sala São Paulo, às 21h.
O Experimenta é promovido pelo Consulado Geral de Portugal em São Paulo e financiado pelo governo de Portugal e empresários daquele país. O orçamento não foi divulgado.
A programação segue até julho com 18 eventos. Entre eles, haverá shows, debates, apresentações de stand-up, exposições e filmes. À frente do evento desde a primeira edição, que tem objetivo principal o encontro entre a cultura brasileira e portuguesa, o cônsul Paulo Lourenço deixa o cargo em São Paulo e volta para Lisboa em julho.
Em entrevista à Folha, ele falou sobre o crescimento do evento, que chega à quarta edição com número de atividades recorde, sobre os destaques no Dia da Língua e a importância do Experimenta Lisboa ao país.
Neste ano a programação inaugural conta com uma mesa debate sobre Agostinho da Silva e no sábado sobre Hilda Hilst. Por que essa escolha?
Agostinho foi um pioneiro a pensar na luso-brasilidade e na relação de interação entre Portugal, África e Brasil, porque acreditava que, quando pensamos na língua, não é apenas para Portugal que precisamos olhar, mas para o conjunto de todos os países falantes.
Ano passado, tivemos a experiência de fazer uma mesa sobre o homenageado da Flip, o Lima Barreto, e neste ano demos continuidade com Hilda Hilst. A mesa conta com a perspectiva do português Fernando Lemos, que atua como fotógrafo, pintor e poeta, e falará sobre o trabalho de Hilst.
O evento terá um mês a mais de duração do que no ano passado. A que se deve o crescimento?
Vivemos um momento único entre Brasil e Portugal. Em seis anos que vivo aqui, nunca houve tanto interesse por Portugal. Os brasileiros redescobriram Portugal e sua cultura.
O país se tornou destino e muitas pessoas têm comprado imóveis lá. Além disso, Portugal se tornou terceiro principal destino do ensino superior de estudantes brasileiros, atrás só dos EUA e do Canadá.
Qual é o principal objetivo do evento?
Não é a apenas diplomacia entre os países.
Somos uma chancela integrada na sociedade, por causa da língua e da familiaridade com ambiente externos.