Delegado da PF quebra sistema de som de petistas
Segundo deputada petista, agressor, que mora perto do local, disse estar com dificuldades para dormir
Quando petistas acampados em Curitiba se preparavam para o grito diário de “bom dia, Lula”, o delegado da Polícia Federal Gastão Schefer Neto quebrou o equipamento de som. A PF disse que o ataque não tem relação com o cargo do delegado, que mora na região.
são paulo e curitiba O delegado da Polícia Federal Gastão Schefer Neto quebrou, na manhã desta sexta-feira (4), o equipamento de som usado por petistas no acampamento em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba.
Segundo relato de petistas, que gravaram imagens do delegado, ele invadiu o acampamento e quebrou o equipamento de som no momento em que se preparavam para o grito de “bom dia, Lula”, que repetem todas as manhãs.
De acordo com a deputada estadual Márcia Lia (PT-SP), ele foi detido pela Polícia Militar e liberado pouco depois.
Scheffer, 45, foi identificado por ela e pela deputada federal Ana Perugini (PT-ES) no momento em que voltava à Superintendência da PF. Segundo Márcia Lia, o delegado, que mora na região do prédio da PF, disse estar nervoso e com dificuldades para dormir. Ainda segundo a deputada, ele afirmou ter sido agredido.
Questionada por jornalistas, a Polícia Federal disse que o ataque ocorreu fora da PF e que não tem relação com o cargo do delegado. “Problemas decorrentes de morar na vizinhança, nada a ver com PF. Eventual apuração cabe à PC [Polícia Civil]”, disse a assessoria da PF.
A Polícia Militar, no entanto, diz que os envolvidos foram encaminhados à PF, que teria assumido a ocorrência.
A organização do acampamento Lula Livre, por sua vez, afirmou que registrou ocorrência em uma delegacia da Polícia Civil.
Em nota, os apoiadores defenderam que, independente das sanções penais cabíveis pela agressão, a PF tem a obrigação de tomar medidas disciplinares contra o delegado. “Do contrário, a instituição se tornará cúmplice de mais este atentado.”
Não foi o primeiro caso de agressão contra o acampamento. Na semana passada, tiros foram disparados contra os manifestantes, deixando dois feridos.
Presidenciável Álvaro Dias doou para campanha de delegado
A campanha de 2014 do senador Álvaro Dias (Podemos), hoje candidato à Presidência, doou R$ 875 em recursos estimáveis para a campanha de Schefer, então candidato a deputado federal pelo PR. À época, Dias integrava o PSDB.
Dias disse não se recordar da doação, afirmando que deve ter se tratado de algum pagamento de despesa da coligação então formada por PSDB e PR. O senador também disse que não se lembra de ter tido contato com o delegado.
Recursos estimáveis são receitas recebidas diretamente pelos candidatos ou partidos, por bens ou serviços prestados, mensuráveis em dinheiro, mas que não são doações financeiras. É o caso de alguém que doa, por exemplo, gasolina para ser utilizada na campanha eleitoral.
Em 2014, Schefer conseguiu cerca de 23 mil votos e se tornou suplente. Ele já foi diretor da Associação dos Delegados da Polícia Federal do Paraná.
Em seu perfil no Facebook, o delegado segue páginas da pistola Taurus 938, de um clube de tiro, da campanha do armamento, de uma empresa de venda de armas, do Exército e do Partido Militar Brasileiro. Entre os grupos que participa, estão “Curitiba contra o PT”, “Pena de morte sim” e “A nossa bandeira não é vermelha”.
A uma rádio em 2014, o delegado defendeu o armamento do “cidadão de bem”.
“[Adolf] Hitler foi um dos primeiros a fazer desarmamento da população. Tirando as armas da população fica fácil de pegar e atacar, fazer o que quiser”, disse.