PAINEL DO LEITOR
Foro privilegiado
Se a Constituição prega que todos são iguais perante a lei, nada mais absurdo que seletos cidadãos, como políticos e juízes, sejam beneficiados com o foro privilegiado. É graças a esse privilégio que assistimos todos os dias a escândalos de corrupção e desvio de dinheiro público. Todo cidadão, independentemente de sexo, raça, credo e atividade profissional, deveria ser julgado por seus atos pela Justiça comum. Só assim eu teria a certeza de que há igualdade de condições no país (“STF restringe foro especial de congressistas, mas decisão será caso a caso”, Poder, 4/5 ). Deborah Farah (Rio de Janeiro, RJ)
Apesar de defensor da restrição do foro privilegiado, algo me pareceu errado. De fato, caso caia a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, os políticos investigados estarão no melhor dos mundos, pois passarão a dispor da primeira, segunda e terceira instância, com a infinidade de seus recursos protelatórios. Se até aí os crimes não estiverem prescritos, os réus ainda contarão com o STF (Supremo Tribunal Federal), como ocorre hoje.
Agostinho Sebastião Spínola
(São Paulo, SP)
A decisão do Supremo em relação ao foro privilegiado, atingindo somente os parlamentares federais, tem provocado discussões e contestações. De uma vez por todas, por que não se adota uma medida geral? Quem comete qualquer tipo de irregularidade tem de ser investigado e julgado sem privilégios. Uriel Villas Boas (Santos, SP)
O ministro Gilmar Mendes tem absoluta razão. A única consequência dessa votação é desafogar a corte. E como fica a prerrogativa de função para os demais casos? O Supremo constantemente viola a Constituição e o Congresso totalmente desmoralizado não tem condições de reagir. Triste país.
Osmir D. Lima Filho (Rio Branco, AC)
Eleições
Infelizmente, alguns de nossos précandidatos à Presidência estão desprestigiados a ponto de a presença deles reduzir a Agrishow —um evento internacional de tecnologia agrícola, um dos maiores do tipo no mundo e o maior da América Latina— a uma simples feira ruralista (“Pré-candidatos fazem romaria a feira ruralista”, Poder, 3/4). Daniel da Silva Follador (Sertãozinho, SP)
Noam Chomsky e Lula
Alguma chance de enviar o artigo de Hélio Schwartsman para Noam Chomsky com a devida tradução? (“Ideias verdes incolores, Opinião, 4/5). É imperdível e o americano deveria ser o primeiro a ler o texto. Sendo linguista, terá ainda a oportunidade de sentir como nunca o poder esclarecedor das palavras bem utilizadas e das frases irretocáveis. Com cópia para o argentino Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz em 1980, por favor.
Nuno M.M.Martins (Barueri, SP)
Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores deveriam ter combatido o sistema, que só se agigantou durante os governos petistas. O ex-presidente foi o algoz de si mesmo. No aspecto “político-eleitoral”, os petistas sempre vão persistir nos mesmos equívocos. Lula e o PT só vão continuar a falar de Lula. Já nós temos de olhar para a frente. O que nos interessa é o país. Temos de avançar, retomar os mecanismos da economia.
Walter Raucci Junior (Ibitinga, SP)
Desastre em São Paulo
Não tem sentido cobrar de maneira igual do Estado e dos movimentos sociais, como tem feito parte da imprensa, a responsabilidade pela tragédia do edifício Wilton Paes Almeida. Ou alguém acredita que os movimentos sociais possuem o mesmo orçamento e poder de decisão que a Justiça e o poder público ? Fabiana Tambellini (São Paulo, SP)
A propriedade tem de cumprir a sua função social e o poder público tem o dever de assentar os semteto onde houver imóvel vazio. Pior do que culpar os sem-teto que morreram e os que ficaram desabrigados pelo desabamento do prédio, é culpara os movimentos sociais pelas ocupações.
Paulo Sérgio Cordeiro
Santos (Curitiba, PR)
Sem-teto
Parabéns à Folha, que dá espaço para diferentes opiniões (“Verdades e mentiras sobre os sem-teto”, de Guilherme Boulos, Tendências / Debates, 4/5). Isso se chama democracia, o que é normal em países civilizados. Os movimentos sociais cumprem o papel de expor questões que atingem a coletividade e cabe aos poderes governamentais encaminhar soluções. Ou será que há gente pretendendo abolir a Constituição?
Armando Lopes (São Paulo, SP)
Todos têm parte da culpa pelo que ocorreu: poder público, moradores e, inclusive, movimentos. O primeiro por abandonar um bem público, permitindo a sua deterioração. Os moradores por terem invadido o que não lhes pertence, e, mesmo após ocuparem, não se preocuparem com a segurança do local. Os movimentos e seus líderes por estimularem o descumprimento das leis e, se for verdade, ainda cobrarem por isso.
Mauro Luiz Ribeiro de Souza
(Rio de Janeiro, RJ)
Precisamos urgentemente de uma reforma urbana que priorize a moradia, que enfrente a especulação imobiliária e que promova a distribuição de imóveis vagos e a construção de moradias dignas. Não sou eleitor de Guilherme Boulos, mas apoio a luta legítima e honesta do MTST. Há pessoas oportunistas que se aproveitam da desgraça alheia? Sim e devem ser punidas. Num país em que poucos bilionários possuem a mesma renda que milhões de pessoas, culpar os movimentos é algo bem conveniente, não é mesmo?
Tiago Oliveira (Florianópolis, SC)
Sindicalismo
O artigo (“Nosso sindicalismo é uma vergonha”, de Roberto Dias, Opinião, 3/5) mistura indevidamente fato ocorrido no Paraná com ações do Sindicato dos Jornalistas de SP. O sindicato atua sempre em defesa do exercício profissional, inclusive enfrentando quem ameaça jornalistas. Talvez o articulista discorde, mas jornais são passíveis de críticas por suas opções editoriais e, para o sindicato, as empresas de comunicação também são responsáveis pela tensão política atual. O bom jornalismo exige apuração, mas não fomos sequer procurados pelo articulista. Lamentável!
Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Ruy Castro
Em meio a tantas notícias desagradáveis, as crônicas do Ruy Castro são um bálsamo (“Inspiração macabra”, Opinião, 4/5).
Leão Machado Neto (São Paulo, SP)