Folha de S.Paulo

Temer diz que melhora da economia aumenta sensação de desemprego

Presidente também admitiu que governo estuda usar FGTS para ampliar crédito a municípios e obras

- -Felipe Bächtold e Talita Fernandes

brasília O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (4) que a melhora da economia provocou também um aumento na sensação de desemprego porque mais pessoas se sentiram estimulada­s a procurar trabalho.

O desemprego no país voltou a crescer no começo do ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a). A taxa ficou em 12,6% entre dezembro e fevereiro. A população desocupada chegou a 13,1 milhões, um aumento de 4,4% em relação ao trimestre anterior.

Na comparação anual, o desemprego melhorou 0,6%, mas a recuperaçã­o é puxada pelo emprego informal.

Para Temer, porém, os dados do Ministério do Trabalho mostram que o “emprego está aumentando”. Temer disse que fez uma reunião com a equipe na segunda-feira (30) para esclarecer esses pontos.

“Não é o que desemprego aumentou. É que o desemprega­do, quando a economia começa a melhorar, ele, que estava desalentad­o, portanto, não procurava emprego, ele se transforma em um alentado. Ele vai procurar emprego. Como não há emprego para todos ainda, ele não consegue o emprego e isso entra na margem do cálculo do IBGE.”

Disse ainda: “Aumentou o número daqueles que procuram empregos. E aqueles procuram empregos, alentados que se acham, aumentam porque a economia está me- Temer deu as declaraçõe­s durante discurso na ESPM, em São Paulo.

Presidente admite que quer ampliar crédito público com FGTS

Nesta sexta, o presidente também admitiu que o governo estuda usar recursos da Caixa Econômica Federal para criar uma linha de financiame­nto para municípios aplicarem em construção civil.

Em entrevista concedida aos veículos do sistema EBC, Temer disse que o objetivo é fomentar o setor que mais favorece a geração de empregos.

O presidente foi questionad­o se pretende usar o lucro da Caixa para criar uma linha de financiame­nto à construção civil. “Isso foi alvo de conversas nossas nesses últimos dias. A construção civil é uma das áreas que mais emprega. Estamos finalizand­o os números para lançar cerca de 150 mil casas populares do Minha Casa Minha Vida. Isso vai agilizar a construção civil, mas ao mesmo tempo nós estamos estudando a possibilid­ade de empréstimo­s a municípios”, disse.

Questionad­o sobre o prazo, o presidente respondeu apenas que a tendência é que “saia este mês”.

Ele explicou que o dinheiro deve ser dado aos municípios pela Caixa e que as cidades poderão usar o FPM (Fundo de Participaç­ão dos Municípios) como garantia.

Embora Temer não tenha mencionado diretament­e o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Trabalho), a Folha mostrou nesta sexta que o Ministério das Cidades negocia usar os recursos do fundo para financiar prefeitura­s que ficaram sem recursos com a recessão e que não puderam dar continuida­de às obras da Copa.

O presidente realizou reuniões sobre o tema ao longo desta semana. Na quinta (3), ele se recebeu José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Ele já havia discutido a linha de financiame­nto com Nelson Antônio de Souza, presidente da Caixa, na segunda (30), no Palácio do Planalto.

O assunto foi também tema de encontro entre as equipes política e econômica em encontro no Palácio da Alvorada, na manhã de quarta (2).

O Ministério da Fazenda e a Caixa Econômica soltaram nota conjunta afirmando que, na avaliação da pasta e do banco público, a capitaliza­ção através de recursos do FGTS não é necessária. “O Ministério da Fazenda e a Caixa Econômica Federal têm promovido medidas para adequar a estrutura de capital da instituiçã­o ao plano de negócios e atendiment­o às políticas públicas previstas para o ano. A Caixa busca sempre uma alocação eficiente de seus recursos, com adequada gestão de risco e respeito às melhores práticas bancárias. A atual estrutura de capital permite, na avaliação do Ministério da Fazenda e do comando da Caixa, a execução do plano de negócios previsto para o ano, sem a necessidad­e de capitaliza­ção mediante a utilização do FGTS”, afirmaram os órgãos em nota.

Temer falou ainda sobre o comércio exterior e disse que o Mercosul, depois de 19 anos, está “praticamen­te fechando um acordo com a União Europeia”. “Resgatamos a vocação original do Mercosul para livre mercado”, disse ele, citando também negociaçõe­s com a Coreia do Sul e Canadá.

O presidente destacou ainda os esforços para promover uma aproximaçã­o do Mercosul com a Aliança Para o Pacífico, que reúne países como México e Peru.

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Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress Presidente Michel Temer falou sobre mercado de trabalho durante evento na capital paulista

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