Temer diz que melhora da economia aumenta sensação de desemprego
Presidente também admitiu que governo estuda usar FGTS para ampliar crédito a municípios e obras
brasília O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (4) que a melhora da economia provocou também um aumento na sensação de desemprego porque mais pessoas se sentiram estimuladas a procurar trabalho.
O desemprego no país voltou a crescer no começo do ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A taxa ficou em 12,6% entre dezembro e fevereiro. A população desocupada chegou a 13,1 milhões, um aumento de 4,4% em relação ao trimestre anterior.
Na comparação anual, o desemprego melhorou 0,6%, mas a recuperação é puxada pelo emprego informal.
Para Temer, porém, os dados do Ministério do Trabalho mostram que o “emprego está aumentando”. Temer disse que fez uma reunião com a equipe na segunda-feira (30) para esclarecer esses pontos.
“Não é o que desemprego aumentou. É que o desempregado, quando a economia começa a melhorar, ele, que estava desalentado, portanto, não procurava emprego, ele se transforma em um alentado. Ele vai procurar emprego. Como não há emprego para todos ainda, ele não consegue o emprego e isso entra na margem do cálculo do IBGE.”
Disse ainda: “Aumentou o número daqueles que procuram empregos. E aqueles procuram empregos, alentados que se acham, aumentam porque a economia está me- Temer deu as declarações durante discurso na ESPM, em São Paulo.
Presidente admite que quer ampliar crédito público com FGTS
Nesta sexta, o presidente também admitiu que o governo estuda usar recursos da Caixa Econômica Federal para criar uma linha de financiamento para municípios aplicarem em construção civil.
Em entrevista concedida aos veículos do sistema EBC, Temer disse que o objetivo é fomentar o setor que mais favorece a geração de empregos.
O presidente foi questionado se pretende usar o lucro da Caixa para criar uma linha de financiamento à construção civil. “Isso foi alvo de conversas nossas nesses últimos dias. A construção civil é uma das áreas que mais emprega. Estamos finalizando os números para lançar cerca de 150 mil casas populares do Minha Casa Minha Vida. Isso vai agilizar a construção civil, mas ao mesmo tempo nós estamos estudando a possibilidade de empréstimos a municípios”, disse.
Questionado sobre o prazo, o presidente respondeu apenas que a tendência é que “saia este mês”.
Ele explicou que o dinheiro deve ser dado aos municípios pela Caixa e que as cidades poderão usar o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) como garantia.
Embora Temer não tenha mencionado diretamente o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Trabalho), a Folha mostrou nesta sexta que o Ministério das Cidades negocia usar os recursos do fundo para financiar prefeituras que ficaram sem recursos com a recessão e que não puderam dar continuidade às obras da Copa.
O presidente realizou reuniões sobre o tema ao longo desta semana. Na quinta (3), ele se recebeu José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Ele já havia discutido a linha de financiamento com Nelson Antônio de Souza, presidente da Caixa, na segunda (30), no Palácio do Planalto.
O assunto foi também tema de encontro entre as equipes política e econômica em encontro no Palácio da Alvorada, na manhã de quarta (2).
O Ministério da Fazenda e a Caixa Econômica soltaram nota conjunta afirmando que, na avaliação da pasta e do banco público, a capitalização através de recursos do FGTS não é necessária. “O Ministério da Fazenda e a Caixa Econômica Federal têm promovido medidas para adequar a estrutura de capital da instituição ao plano de negócios e atendimento às políticas públicas previstas para o ano. A Caixa busca sempre uma alocação eficiente de seus recursos, com adequada gestão de risco e respeito às melhores práticas bancárias. A atual estrutura de capital permite, na avaliação do Ministério da Fazenda e do comando da Caixa, a execução do plano de negócios previsto para o ano, sem a necessidade de capitalização mediante a utilização do FGTS”, afirmaram os órgãos em nota.
Temer falou ainda sobre o comércio exterior e disse que o Mercosul, depois de 19 anos, está “praticamente fechando um acordo com a União Europeia”. “Resgatamos a vocação original do Mercosul para livre mercado”, disse ele, citando também negociações com a Coreia do Sul e Canadá.
O presidente destacou ainda os esforços para promover uma aproximação do Mercosul com a Aliança Para o Pacífico, que reúne países como México e Peru.