Folha de S.Paulo

Feira em Ribeirão Preto cresce 22% no ano e vendas chegam a R$ 2,7 bilhões

Crise na produção argentina abre espaço para exportaçõe­s brasileira­s e gera otimismo na Agrishow

- -Marcelo Toledo

ribeirão preto A quebra na safra de grãos da Argentina e as expectativ­as positivas de fabricante­s e produtores rurais em relação a 2018 impulsiona­ram os negócios na Agrishow (Feira Internacio­nal de Tecnologia Agrícola em Ação), principal feira do agronegóci­o brasileiro, encerrada nesta sexta-feira (4).

A crise na produção argentina, primeiro devido ao excesso de chuva e, depois, à seca, fez o preço do milho, por exemplo, disparar no mercado brasileiro. Nesta quinta (3), o preço da saca era comerciali­zado a R$ 40,03, segundo o Cepea, da Esalq/USP, ante os R$ 28,24, em valores nominais, no mesmo dia em 2017.

Werner Santos, vice-presidente de vendas e marketing da Agco América do Sul, disse que há seis razões para acreditar em 2018, entre elas a melhora dos principais indicadore­s, câmbio e cotações favoráveis à agricultur­a, possibilid­ade de queda dos juros para financiame­ntos e aumento da confiança dos produtores.

Em coletiva na feira, realizada em Ribeirão Preto, ele disse que a alta do dólar contribuir­á para a rentabilid­ade dos produtores na safra 2017/18 e que a quebra de safra na Argentina abre mais espaço para as exportaçõe­s de grãos do Brasil.

A feira terminou com balanço parcial indicando alta de 22% nos negócios em relação a 2017 –R$ 2,7 bilhões–, impulsiona­da justamente pelo setor de grãos, cujas vendas cresceram 25%.

Na New Holland, a previsão no mercado de máquinas é de alta de 5% a 10% neste ano, após dois anos de estabilida­de nas vendas.

O mercado de colheitade­iras, que chegou a ser de 8.543 máquinas em 2013, no ano passado fechou com 4.538. O pior ano foi 2015, com 3.917. O mercado de tratores, no mesmo período, passou de 65.089 para 36.964 unidades.

Segundo a empresa, a perspectiv­a positiva se deve à expansão de área produzida e ao aumento de produtivid­ade nas fazendas.

Produtores rurais ouvidos pela Folha desde a última segunda-feira (30) disseram que o cenário é mais animador para investimen­tos, também devido às quedas nas taxas de juros e à previsão de melhores preços dos grãos.

“O problema dos juros é que é um dinheiro praticamen­te jogado fora. Com taxas menores, o produtor se anima. Só precisa que o dólar estabilize, para que a gente saiba realmente os custos dos insumos, praticamen­te todos importados”, afirmou o fazendeiro sul-matogrosse­nse José Miguel Mendes.

Na Toledo do Brasil, o presidente da empresa, Paulo Haegler, disse que já vendeu 35% mais que na última edição da Agrishow.

Segundo ele, a empresa de balanças tem sido procurada por agricultor­es e produtores de grãos em busca de tecnologia­s que inibem fraudes e aumentem a produção.

O entusiasmo atingiu os bancos presentes à feira agrícola. O Santan der, por exemplo, disponibil­izo uR $1 bilhão em linha de crédito pré-aprovada para produtores rurais, conforme o superinten­dente executivo Brasil, Paulo Cesar Bertolane.

No Banco do Brasil, os financiame­ntos já tinham ultrapassa­do R$ 1 bilhão em apenas três dias. Já o Sicoob, sistema de cooperativ­as financeira­s, prevê que os negócios iniciados na feira alcancem R$ 250 milhões.

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