Folha de S.Paulo

No Brasil, dólar sobe 1,8% em semana turbulenta e vai a R$ 3,52; Bolsa cai 3,85%

- Danielle Brant

são paulo A trajetória do dólar na semana pode ser contada a partir de duas narrativas: a preocupaçã­o com aumento adicional de juros nos Estados Unidos, que levou a moeda ao patamar de R$ 3,55, e os dois dias de queda subsequent­es após o recado do Banco Central brasileiro de que vai atuar para conter altas da divisa.

Ainda assim, o dólar acumulou valorizaçã­o de 1,8% em relação ao real. Em duas semanas, desde que começaram as turbulênci­as provocadas pelo temor de um quarto aumento de juros nos EUA, a moeda americana ganhou R$ 0,12.

Nesta sexta (4), o dólar comercial caiu 0,19%, para R$ 3,524. Até quarta-feira (2), quando atingiu a máxima de R$ 3,55, o dólar reagia à expectativ­a de mais um aumento de juros nos EUA, na reunião de dezembro do Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Apesar de manter os juros na faixa entre 1,5% e 1,75%, o Fed sinalizou que a inflação nos EUA pode se aproximar da meta de 2% ao ano. Alguns analistas viram nessa indicação a possibilid­ade de uma quarta alta no ano, em vez das três esperadas, o que causou valorizaçã­o do dólar globalment­e.

Na semana, 29 das 31 principais moedas do mundo caíram em relação ao dólar.

Como resposta à velocidade da alta do dólar, o Banco Central anunciou, na noite de quarta, que poderia oferecer mais contratos de swaps cambiais (equivalent­es à venda de dólares no mercado futuro) para suavizar os aumentos do dólar. Foi a deixa para a cotação da moeda cair nos dias seguintes.

Para Ignacio Crespo, economista-chefe da Guide Investimen­tos, o dólar não tem uma direção clara no momento. “Nossa visão é que o dólar vai continuar próximo a R$ 3,50, com um viés mais de alta do que de baixa. Não volta a R$ 3,30 num curto espaço de tempo”, afirma.

A Bolsa brasileira também foi afetada pelas perspectiv­as de mais altas de juros nos Estados Unidos, o que enxuga dinheiro aplicado em renda variável.

O Ibovespa, das ações mais negociadas, recuou 3,85% na semana —a pior desde a encerrada em 19 de maio de 2017, com a notícia da delação do empresário Joesley Batista, do grupo JBS.

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Marcos Brindicci/Reuters Casa de câmbio em Buenos Aires exibe cotações do dólar, que dispararam

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