Folha de S.Paulo

Instituiçõ­es distribuem R$ 4,6 bi em dividendos

- DB

são paulo Os três maiores bancos privados do país vão distribuir R$ 4,6 bilhões aos acionistas sob a forma de dividendos ou juros sobre capital próprio no primeiro trimestre, uma parcela do lucro somado de R$ 14,4 bilhões no período.

O valor está em linha com o que foi pago por Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil nos três primeiros meses de 2017 (R$ 4,815 bilhões). Mas a perspectiv­a de analistas é que a recuperaçã­o da economia e o aumento das concessões de empréstimo­s ao longo do ano —principalm­ente no caso dos dois primeiros bancos— turbinem esse valor.

Além de reflexo do lucro crescente dos bancos nos últimos anos, mesmo em meio à grave crise financeira que afetou o país, o pagamento de dividendos ajuda as instituiçõ­es a lidar com uma sobra de caixa grande no balanço, afirma João Augusto Salles, da consultori­a Lopes Filho.

“Os bancos estão extremamen­te líquidos, e isso não é bom para eles. O que se observava é que, com a Selic a 14%, eles ganhavam em tesouraria [aplicando em produtos financeiro­s com rendimento atrelado à taxa básica]. Ou então compensava­m emprestand­o mais”, afirma.

“No momento não está acontecend­o nenhuma das duas coisas. Com o caixa elevado, os bancos distribuem o dinheiro.” Ao pagar o dividendo, o banco conquista a confiança do acionista.

Essa sobra de caixa também não pode ser usada para comprar outros bancos no Brasil, no caso de Bradesco e Itaú Unibanco, devido à avaliação do Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica) e do BC de que novas aquisições poderiam trazer riscos à concorrênc­ia no país, diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.

Com a expectativ­a de expansão da carteira de crédito, a tendência é que os bancos distribuam mais dividendos e juros sobre capital próprio neste ano, acompanhan­do o aumento do lucro esperado pela retomada das concessões, mas sem abrir mão da melhora da qualidade da carteira, diz Salles.

Para Santacreu, da Austin, o aumento das concessões é natural para conter a diminuição dos spreads bancários —diferença entre a taxa de captação e empréstimo dos bancos.

“Se eles reduzirem o spread mais rapidament­e que o cresciment­o da carteira, podem afetar margens. Deve haver uma sintonia fina de redução bem gradual dos spreads com aumento gradual do crédito”, afirma.

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