Folha de S.Paulo

Custo por m² de locação na Luz é mais alto que em Pinheiros

Aluguel médio em pensões locais é de R$ 581, segundo levantamen­to de entidade

- Fernanda Mena

são paulo Desvaloriz­ada enquanto local de moradia, a região da Luz, também conhecida por sediar a famigerada cracolândi­a, no centro de São Paulo, é repleta de pensões semelhante­s a cortiços, seja pelas precárias condições estruturai­s e de salubridad­e, seja pela informalid­ade dos arranjos de aluguel.

Lá, o valor médio pago mensalment­e por um cômodo é de R$ 581, segundo levamento de novembro de 2017 feito pelo Fórum Aberto Mundaréu da Luz, articulaçã­o de entidades e moradores locais.

Uma família de sete pessoas, sendo cinco crianças e dois adultos, vivia em um cômodo sem janelas de 10 m² pelo qual pagava R$ 700, ou seja, R$ 70/m². O valor médio do metro quadrado de aluguel em Pinheiros, bairro de classe média alta de São Paulo, era de R$ 54,29/m² no final de 2017, segundo o índice DMI-VivaReal.

“Quem tem dinheiro para alugar um imóvel pode escolher. Quem não pode escolher, tem de se submeter a preços maiores por condições piores de moradia”, avalia Felipe Villela, 32, do Observatór­io de Remoções do Labcidade da Faculdade de Arquitetur­a e Urbanismo da USP.

Os dados do perfil sociodemog­ráfico dos habitantes das pensões locais mostrou que 60% estavam desemprega­dos e 48% gastavam mais de 2/3 da renda familiar com moradia, quando o recomendad­o é que as despesas com aluguel não ultrapasse­m 1/3 da renda.

O estudo foi feito com a aplicação de questionár­ios a 33 moradores locais e serviu de base para a elaboração de um plano urbanístic­o popular para a região, o Campos Elíseos Vivo, que propõe a construção de 2.700 novas unidades habitacion­ais sem remoções.

Parte dos entrevista­dos foram removidos da pensão em que viviam pelo poder público no último dia 16. Sem ter para onde ir, pelo menos uma das famílias havia encontrado abrigo no edifício Wilton Paes de Almeida. Com seu desabament­o, estão em barracas no largo do Paissandu.

Segundo Villela, a concessão de auxílio-aluguel ou auxíliomor­adia, no valor de R$ 400, a quem foi removido de sua habitação é um paliativo, e não uma solução para o problema.

“É um valor insuficien­te para que a pessoa encontre uma alternativ­a menos precária que a anterior”, afirma Roberto Pimentel, promotor na área de Habitação. Para ele, as pessoas expulsas do centro acabam indo para as ruas ou regiões de mananciais.

Segundo a Secretaria Municipal da Habitação, há hoje 724 imóveis ociosos no centro de São Paulo aptos ao uso social.

 ?? Plínio Hokama Angeli ?? Quarto de edifício invadido por sem-teto em 2015; prédio pegou fogo e desabou na última terça
Plínio Hokama Angeli Quarto de edifício invadido por sem-teto em 2015; prédio pegou fogo e desabou na última terça

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