Folha de S.Paulo

Reportagem testa o carro mais barato da Mercedes

Sem couro ou bancos elétricos, CLA 180 é o carro mais em conta da marca no país

- Eduardo Sodré

são paulo O volante do Mercedes CLA 180 não tem forração de couro ou apliques prateados. Seu aro preto emborracha­do poderia estar em um carro simples, mas a estrela cromada de três pontas confirma a origem nobre do sedã produzido na Hungria.

É o automóvel zero-quilômetro mais em conta da marca à venda no Brasil. Custa R$ 137,9 mil e disputa espaço com Honda Civic 1.5 turbo (R$ 124,9 mil) e Toyota Corolla 2.0 Altis (R$ 118,8 mil).

Dirlei Dias, gerente sênior de vendas da Mercedes-Benz do Brasil, diz que a estratégia de agora remete a 2015, quando a empresa lançou versões mais em conta de seus carros para conquistar mercado.

“O paladar não volta atrás. Depois que o cliente entra para a marca, vai querer permanecer e depois comprar um modelo ainda melhor, que vai ser deixado na porta do restaurant­e pelo manobrista. São valores que não conseguimo­s medir, mas fazem diferença”, afirma Dias.

Para o consumidor que valoriza o status, o CLA não decepciona. A carroceria de estilo cupê é pura ostentação, com janelas estreitas e detalhes cromados.

Os LEDs usados nos faróis e nas lanternas deixam claro que se trata de um Mercedes, seja de dia ou à noite.

O deslumbre dura até se abrir a porta e encontrar o volante sem forração de couro. Quem espera pompa e circunstân­cia vai se decepciona­r com a cabine de plásticos e te- cidos escuros. Para compensar, a tela do sistema de som causa boa impressão.

Para custar menos, o Mercedes não traz regulagens elétricas dos bancos nem sensores de estacionam­ento por todos os lados. Há câmera de ré, e isso basta.

Ao acionar o botão de partida, as qualidades de um carro premium sobressaem. Não há vibrações, e o ronco do motor se limita a um ronronar abafado.

A potência do 1.6 turbo a gasolina está limitada a 122 cv. São 36 cv a menos que o disponível no CLA 200, que custa R$ 44 mil a mais e tem tecnologia flex.

Contudo, a diferença não foi sentida na pista de testes. O CLA 180 foi meio segundo mais rápido na prova de aceleração de zero a 100 km/h e andou junto da versão mais forte nas retomadas.

Em movimento, o Mercedes revela-se mais esportivo do que confortáve­l. É um tanto duro, está distante de flutuar sobre o asfalto como um Classe E —que custa R$ 200 mil a mais. Aí se aplica a lógica de perpetuaçã­o da marca: o cliente adquire um, mas sonha com outro.

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Ivan Ribeiro/Folhapress Mercedes CLA 180, à venda no Brasil por R$ 137,9 mil
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Ivan Ribeiro/Folhapress Traseira do sedã Mercedes tem lanternas com luzes de LED
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Divulgação Interior do Mercedes CLA 180

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