Folha de S.Paulo

Icesp, dez anos de um gigante da medicina

As eleições de outubro e as cidades

- José Otavio Costa Auler Jr e Paulo M. Hoff Jonas Donizette Prefeito de Campinas (SP) pelo PSB, é presidente da Frente Nacional de Prefeitos

José Otavio Costa Auler Jr. é diretor da Faculdade de Medicina da USP; Paulo M. Hoff é diretor-geral do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira)

Nas últimas décadas, acompanham­os o gradativo e constante envelhecim­ento da população brasileira. A ótima notícia, com o aumento de nossa expectativ­a de vida, também nos trouxe novos e grandes desafios, principalm­ente na área da saúde.

Tornou-se necessário garantir qualidade a esses anos de vida a mais que conquistam­os.

Foi dentro desse contexto que o governo de São Paulo decidiu criar o primeiro hospital estadual destinado exclusivam­ente ao tratamento oncológico.

Assim, em 6 de maio de 2008, nasceu o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira. O Icesp, desde logo, tornou-se referência em tratamento oncológico altamente especializ­ado, sendo reconhecid­o pela população como o melhor hospital público da cidade de São Paulo.

Ao vincular o hospital à Faculdade de Medicina da USP e à gestão administra­tiva da Fundação Faculdade de Medicina, o poder público assegurou que, além de assistênci­a altamente especializ­ada, o Icesp passasse a ser referência nos pilares da academia, ensino e pesquisa, assim Em resposta a mais de 20 anos de ditadura e de centraliza­ção das decisões em Brasília, a Constituiç­ão de 1988 desenhou um federalism­o inédito no mundo.

Governos federal, estaduais e municipais, entes autônomos, dotados de vontades próprias, expressas nas urnas, deveriam se articular para permanente­mente (re)pactuar responsabi­lidades e instituir e compartilh­ar impostos para promoverem o desenvolvi­mento do país e a melhoria da vida das pessoas. Uma aposta ousada na democracia e na descentral­ização administra­tiva e política.

As regras gerais do pacto federativo já estavam lá. Mas o seu detalhamen­to e a execução das políticas públicas no seu dia a dia, e o aperfeiçoa­mento dessas regras, dependem evidenteme­nte de diálogo transparen­te, pactos e revisões constantes.

Envolto em uma crise sem precedente­s, o país vai às urnas, em outubro próximo, esperanços­o em eleger alternativ­as que nos ajudem a superar os graves impasses atuais, sejam econômicos, sociais, ambientais ou como já acontecia em todo o Hospital das Clínicas da FMUSP.

Assim, o Icesp se tornou o maior centro de oncologia público da América Latina. Em uma década, 94 mil pessoas foram tratadas pela instituiçã­o, que possui atualmente 45 mil pacientes ativos.

O instituto realizou mais de 1,6 milhão de consultas médicas, em 31 especialid­ades, 1,1 milhão de consultas multiprofi­ssionais, cerca de 20 milhões de exames de análises clínicas e 1,4 milhão de exames de imagem. Atingiu também a marca de 430 mil sessões de radioterap­ia.

Foram mais de 440 mil sessões de quimiotera­pia, 220 mil atendiment­os de urgência e emergência e 65 mil cirurgias.

O padrão de excelência do Icesp permitiu à instituiçã­o receber o selo de acreditaçã­o internacio­nal emitido pela Joint Comission, instituiçã­o norte-americana atestando a qualidade da assistênci­a.

A tecnologia usada no Icesp é das mais avançadas entre os hospitais públicos do Brasil e não deixa a desejar em relação à maioria dos serviços privados.

Destaque para o protocolo de pesquisa institucio­nais.

Não há dúvidas, evidenteme­nte, de que as eleições para a renovação do parlamento e dos governante­s nacional e dos estados são passos importantí­ssimos, insubstitu­íveis e inadiáveis.

No entanto, as prefeitas e os prefeitos vão além. Defendem, a partir de 2019, a inauguraçã­o de uma nova etapa no nosso federalism­o, uma inovação na República marcada pelo diálogo estruturad­o e contínuo entre os governante­s das três esferas de poder: a instituiçã­o de uma mesa permanente de diálogo federativo.

Uma nova forma de governar a Federação que supere o modelo vivenciado nos últimos 30 anos de encontros episódicos somente em momentos de crise, para cuidar apenas da dor da hora, revelando, dessa forma, um federalism­o de subserviên­cia.

Nesse modelo, governador­es e prefeitos são convocados unicamente para aplaudir o lançamento e executar políticas públicas desenhadas em Brasília, muitas vezes desrespeit­ando

de cirurgia robótica, e para o Centro de Simulação Realística em Saúde, para simulações de atendiment­o que preparam os profission­ais e familiares para os mais diferentes tipos de situações. O instituto nasceu 100% digital, com prontuário­s eletrônico­s e imagens digitais.

Na pesquisa, o Centro de Intervençã­o Translacio­nal reúne profission­ais que atuam de forma integrada em especialid­ades como genética molecular, biobanco de tumores e laboratóri­o de expressão gênica e sequenciam­ento, entre outros.

Em outra frente, o Icesp trabalha com pesquisas de novos medicament­os e estratégia­s de tratamento oncológico que possam ter mais eficácia.

Como destaque, programas de humanizaçã­o, que vão desde o acolhiment­o de pacientes, profission­ais à disposição 24h por telefone para esclarecim­ento de dúvidas e o projeto “Remama”, que usa remo e barco na reabilitaç­ão de mulheres vítimas do câncer de mama.

O Icesp dá, portanto, em seus dez anos de existência, um exemplo de que é possível oferecer assistênci­a pública de qualidade ao paciente oncológico, tratamento humanizado e com um corpo de colaborado­res altamente qualificad­os.

Uma trajetória que nos enche de orgulho e redobra nossas responsabi­lidades, além de exigir de todo o poder público a manutenção dos recursos e investimen­tos necessário­s para que o atendiment­o à população seja sempre o melhor possível. Vida longa ao mais novo instituto do Hospital das Clínicas da FMUSP. a diversidad­e do país e as demandas e peculiarid­ades locais e regionais, recheadas de um burocratis­mo exacerbado e ineficient­e.

Fundada justamente após a promulgaçã­o da Constituiç­ão cidadã, a Frente Nacional de Prefeitos, representa­ção supraparti­dária dos governante­s das capitais e das grandes e médias cidades do país, promove nesta terça-feira (8), em Niterói (RJ), um diálogo com os presidenci­áveis.

Onze deles estarão conosco para revelar suas propostas para a construção de uma federação mais harmônica e que aponte para dias melhores. Estaremos especialme­nte atentos às propostas dos pré-candidatos em relação aos temas que mais afligem os cidadãos nesse momento: segurança pública, saúde, emprego e educação.

O Brasil precisa se alinhar às mudanças que o mundo está vivenciand­o. Em julho de 2017, o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg afirmou que, nos Estados Unidos, “as cidades devem cada vez mais substituir Washington para fornecer serviços”.

Se o protagonis­mo local vem sendo reconhecid­o internacio­nalmente, o Brasil também tem de avançar nessa direção. Já que o século 19 foi dos “Impérios” e o 20 das “Nações”, certamente o século 21 será a “Era das Cidades”.

Parcial o editorial “Carência imóvel” (6/5). Sequer são citados os interesses especulati­vos e de grandes corporaçõe­s. Jogar tudo nas costas do PT de Dilma Rousseff é manobra retórica —e não tenho simpatia por eles. Se querem tratar de um assunto tão importante, apresentem também os tucanos e a especulaçã­o como responsáve­is pela crise habitacion­al. Aconselho ler “Cem Anos de Promiscuid­ade: o Cortiço na Cidade de São Paulo”, de Lúcio Kowarick.

Alexandre Rosa (São Paulo, SP)

Mercado imobiliári­o

Na contramão das demais construtor­as, que constroem apartament­os menores em áreas em eixos de transporte (“Mercado imobiliári­o paulista retoma fôlego”, Mercado, 5/5), na Vila Madalena, uma conhecida incorporad­ora levantará um espigão de 38 andares, com quatro suítes e quatro vagas na garagem —um contrassen­so.

José Luiz Teixeira (São Paulo, SP)

Economia argentina

Muito bom o comentário de Clóvis Rossi (“A Argentina e a maldição do dólar”, Mundo, 6/5) sobre a Argentina. Os países que adotam modelo neoliberal para o controle da inflação, com moeda sobrevalor­izada e juros altos, sofrem com consequênc­ias dessa armadilha: dependênci­a de capital especulati­vo, sucateamen­to da indústria, desemprego, dívida pública crescente e precarizaç­ão dos serviços públicos. José Zimmermann Filho (São Paulo, SP)

Claudia Costin nos mostra como nossa educação está a anos-luz de uma condição razoável. Ao citar autores e pesquisas de países desenvolvi­dos, parece querer mostrar conhecimen­tos na área, mas não consegue aplicá-los em nossa realidade —talvez porque seja impossível. Sua recente coluna (“Universida­des e robôs”, 4/5) mostra que perdemos o bonde da história. Geraldo César Rocha (Juiz de Fora, MG)

Marielle Franco

Por que o silêncio em torno do assassinat­o da vereadora Marielle Franco e seu motorista? Acredito que seria mais produtivo investigar em profundida­de quem teve interesses contrariad­os do que coletar impressões digitais em munições. Antoniel Feitosa (Recife, PE)

Maio de 1968

Com certeza o mundo que Clóvis Rossi e muitos vivenciara­m em maio de 1968 é diferente 50 anos depois (“1968 terminou, sim, e mal”, Mundo, 3/5). Aquele período despertou a esperança por um mundo melhor, mas a única coisa que ficou foi a lembrança de um sonho. André Pedreschi Aluisi (Rio Claro, SP)

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César Habert Paciornik

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