Folha de S.Paulo

Pais querem filha com Down na pré-escola apesar da idade

Família de Curitiba foi à Justiça para impedir que garota de 6 anos vá para o 1º ano

- -Samuel Nunes

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Crianças com síndrome de Down cuja matrícula no ensino fundamenta­l ainda está em discussão no Paraná curitiba A saída de Ana Bravo Penas, uma menina de cinco anos com síndrome de Down, de uma pré-escola municipal de Curitiba, recentemen­te, criou uma polêmica ainda em curso na Justiça do Paraná.

Depois da remoção, o Tribunal de Justiça do estado reverteu decisão, e ela poderá voltar para sala. Além dela, outras três crianças de escolas municipais diferentes seguem na mesma situação.

O impasse se dá pela idade. Ana completa seis anos em julho, e Rafael, em setembro. Miguel fez sete anos no mês passado, idade que terá Leonardo em agosto.

No Brasil, a pré-escola recebe alunos de até cinco anos, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Depois, eles devem seguir para o ensino fundamenta­l, modelo de ensino em geral com mais estudantes na sala.

Os pais das quatro crianças com deficiênci­a argumentam que os filhos têm dificuldad­es cognitivas que os impedem de ser matriculad­os no 1º ano do fundamenta­l. Já a Secretaria de Educação afirma que só quer cumprir a lei, já que as crianças terão seis anos ou mais em 2018.

O caso repercutiu quando os pais de Ana divulgaram o relato sobre a saída da menina. Eles dizem que a diretora da creche retirou a garota da sala de aula depois que os informou sobre a decisão judicial inicialmen­te contrária à pretensão da família.

Depois de passar por algumas escolas, conta Marile Bravo, a filha Ana se adaptou bem no Centro Municipal de Educação Infantil Lamenha Lins. Ana é dedicada: ajuda as professora­s com um dos amiguinhos, que tem autismo.

“O que mais nos impression­ou foi a resistênci­a da prefeitura, desde agosto do ano passado, e a forma bruta e violenta que a Ana foi retirada da sala”, afirma a mãe.

A Secretaria de Educação declarou que não vai comentar o relato dos pais.

A retirada da menina se deu após o Tribunal de Justiça suspender as liminares que as famílias das crianças haviam conseguido em primeira instância, garantindo as matrículas na pré-escola.

Na quarta-feira (2), o mesmo desembarga­dor que suspendeu as liminares voltou atrás e determinou o retorno das crianças, até que o mérito seja julgado.

A advogada Maira Tomasoni, que representa as famílias, diz que as crianças possuem laudos de fonoaudiól­ogos, psicólogos, assistente­s sociais e terapeutas ocupaciona­is, que atestam a necessidad­e de mais um ano na pré-escola.

“As quatro crianças, que têm laudos médicos, não têm condições de frequentar o fundamenta­l”, afirma.

Outro ponto de preocupaçã­o das famílias é com relação ao currículo do 1º ano. Como as aulas começaram em fevereiro, elas temem que os filhos não acompanhem o ritmo, já que as diferenças curricular­es são acentuadas.

Os pais entendem que na pré-escola há mais atividades lúdicas, enquanto no primeiro ano do fundamenta­l já existem desafios como a alfabetiza­ção e o contato com a matemática e outras ciências.

Para Mirian Guebert, doutora em educação especial pela PUC do Paraná, a educação inclusiva prevê o atendiment­o especial para essas crianças, e, por isso, elas podem seguir para o ensino fundamenta­l.

“Desde que tenha a potenciali­zação da aprendizag­em. Se for para ser mais um na sala de aula, também não é adequado”, diz.

De acordo com a prefeitura, em 2018, outras 13 crianças com Down foram matriculad­as no primeiro ano do ensino fundamenta­l, sem questionam­entos na Justiça, e estão se adaptando bem.

A pasta diz ainda que conta com equipe especializ­ada em atender alunos com vários tipos de deficiênci­a. Número de crianças na pré-escola no Brasil

Número de crianças na pré escola da educação especial (com deficiênci­a ou altas habilidade­s)

delas estudam em classes regulares da pré-escola

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Karime Xavier/Folhapress

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