Ativista, transformou a luta contra o câncer em militância
ANDREI DE SAMPAIO BASTOS (1951-2018) são paulo Aos 51, Andrei Bastos perdeu a perna esquerda após um câncer ósseo. Transformou a luta contra a doença em militância pelas pessoas com deficiência.
De espírito rebelde e inquieto, o cearense, que se mudou ainda na infância para o Rio, teve uma trajetória de militância em causas sociais.
Começou cedo, em movimentos secundaristas, nos anos de chumbo da ditadu- ra militar. Já aos 17, teve que cumprir prisão domiciliar. Para se proteger, passou a usar um nome clandestino.
Pouco depois, foi descoberto, preso e torturado. A repressão o fez interromper a graduação em desenho industrial, que não chegou a concluir.
Andrei começou a carreira no jornalismo como diagramador. Trabalhou no Correio da Manhã e no jornal O Globo. Nos anos 1980, chegou a ter uma empresa, misto de editora e assessoria de imprenHá sa. Logo depois, porém, voltou aos periódicos.
Metódico, Andrei tinha a pontualidade e a organização como marcas. Também gostava de viajar, de ver o tempo passar deitado na rede, de reunir os amigos e de ouvir clássicos do rock com os filhos.
Do fim dos anos 1990 a 2003, o jornalista enfrentou o câncer três vezes —tíbia, pulmão e coxa. Aposentou-se, mas continuou trabalhando em ONGs de apoio a pessoas com deficiência.
três anos, perdeu o filho Alex, assassinado em um assalto. Tornou-se, junto com a filha Olivia, ativista pela paz.
Nos últimos tempos, virou escritor. Publicou quatro obras sobre a sua experiência com o câncer e com a militância.
Morreu no dia 25, aos 66, cinco dias após complicações em uma colonoscopia. Deixa dois filhos, dois netos, quatro irmãos e a mãe.
Aos 96, viúva. Cemitério Israelita Do Butantã avenida Engenheiro Heitor Antonio Eiras Garcia, 5530.