Ciclo propõe debate sobre crise na democracia
Edição do Mutações, que volta a ser realizado em São Paulo, lança olhar sobre fundamentos da política; palestras vão de 7/5 a 13/6
são paulo O ciclo Mutações começou mais cedo neste ano, para esquivar-se de um embaraço conceitual iminente.
A série de conferências teóricas se deslocou do segundo semestre para o mês de maio —o evento começa em São Paulo nesta segunda-feira (7).
Seu organizador, o jornalista Adauto Novaes, queria evitar proximidade entre os debates sobre o tema desta edição (“A Outra Margem da Política”) e aqueles que surgirão em razão das eleições.
Novaes propôs aos conferencistas, nesta edição, discutir os fundamentos da política para além das abordagens relacionadas à sociedade brasileira. As conferências vão se dedicar a pensar “o que aconteceu com a política a partir das grandes mutações que a gente está vivendo”, resume.
Analisam-se “a globalização, o fim da ideia de Estado-Nação e a influência da tecnociência em todas as atividades humanas e em particular na política” como tópicos fundamentais dessas mudanças.
No ano passado, a dificuldade de encontrar patrocinadores acabou resultando na exclusão de São Paulo da programação, que costuma acontecer em quatro cidades (também em Brasília, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro).
Mas a capital paulista volta a ser contemplada. Até 2016, era o Sesc que sediava o programa. Com a saída da instituição, o ciclo será abrigado pela Casa do Saber.
Em BH e no Rio, sua programação já está em curso desde a semana passada.
A capital paulista entra para o quadro nesta segunda (7), com a apresentação de Marilena Chauí (na palestra “Da Política como Gestão ao Político como Lógica do Poder”). Em Brasília, a grade tem início a partir desta terça-feira (8).
Também estão elencados entre os intelectuais da edição Lilia Moritz Schwarcz, Newton Bignotto, Oswaldo Giacóia, Franklin Leopoldo, Renato Janine Ribeiro, Pedro Duarte, Renato Lessa e Vladimir Safatle, colunista da Folha (veja programação completa em www.mutacoes.com.br).
Novaes chama atenção para a conferência do filósofo francês Jean-Pierre Dupuy, que vai falar na sessão “Do Populismo à Guerra: a Queda da Democracia (Norte-)Americana” (em São Paulo, no dia 7/6).
O que dá norte ao conjunto de conferências é a tentativa de compreender, como hipótese, a crise das representatividades em diversos governos.
Para Novaes, “a gente tem só o corpo econômico funcionando no neoliberalismo” e “o corpo político desapareceu inclusive na ideia de povo”.
Ele afirma ainda que o neoliberalismo deu base ao ressurgimento do totalitarismo. E atribui este fenômeno à supremacia dos valores estabelecidos pela ciência e pela tecnologia. “A ciência não pensa”, resume, citando Heidegger.
Ciclo Mutações
Programação em São Paulo. Casa do Saber, r. Dr. Mario Ferraz, 414, Jardim Paulistano, tel. 3707-8900. Ingressos custam R$ 60. Até 13/6. Veja programação completa no site www.mutacoes.com.br. concretista, morto aos 60, em 1990, estavam ali ao lado na nova-iorquina Sean Kelly, galeria que aproveitou para abrir em seu espaço no Chelsea a primeira mostra individual do artista nos Estados Unidos em paralelo às feiras.
Lá estava um grande relevo de madeira, as famosas composições lembrando florestas de toquinhos que ele plantava sobre a superfície da tela, à venda por R$ 7,7 milhões, valor idêntico a seu recorde em leilão, mas que passaria fácil dessa marca caso os toquinhos ali fossem bem menores.
“O mercado tem essas regras esquisitérrimas. Quanto menor o toquinho, mais alto o valor”, dizia Jones Bergamin, dono da Bolsa de Arte, a maior casa de leilões do Brasil, durante passeio pela Tefaf. “Mas ninguém pediria menos por uma obra desse quilate.”
Kelly, o galerista americano, concordava. “Os preços de Sergio Camargo estão se fortalecendo muito bem, mas ele ainda não está no nível de um artista americano da mesma importância que ele tem”, dizia ele. “Há muito espaço para uma valorização da sua obra.”
A uruguaia Sur tinha obras de Volpi e de Oiticica —de R$ 400 mil a R$ 3,5 milhões.
O mobiliário moderno brasileiro também parece passar por essa inflação. Na Nilufar, uma galeria de Milão, uma cadeira de Joaquim Tenreiro custava quase R$ 1,5 milhão, um dos carrinhos de bebidas de Jorge Zalszupin passava de R$ 500 mil e uma banqueta de Lina Bo Bardi valia R$ 165 mil.
Fora das feiras, o mercado reflete essa ebulição. A galeria Kurimanzutto, uma das maiores do México, seguiu o embalo e abriu uma sede em Manhattan, quase vizinha da filial nova-iorquina da Mendes Wood DM, poucas quadras ao sul do espaço da também paulistana Nara Roesler por aqui.
Na abertura da casa mexicana, colecionadores e curadores combatiam o calor tomando drinques coloridos enquanto desviavam das obras penduradas do teto pelo artista Abraham Cruzvillegas, uma explosão de objetos rosachoque no fervo primaveril.