Foro especial, um contraponto
Mestre e doutor em direito, é desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) e professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
Não obstante a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, que restringiu o foro por prerrogativa de função inerente aos senadores e deputados federais, o tema deve ser analisado com prudência.
Efetivamente, o instituto em questão não pode ser extinto com base em argumentos desconectados das razões de sua criação histórica. Conforme se observou, há quem defenda a extinção do foro para qualquer autoridade, tais como ministros de Estado, governadores, juízes e promotores, sob o argumento de que o atual modelo ofende o princípio da isonomia e serve de estímulo à corrupção e à impunidade.
Tal raciocínio confunde a razão do instituto com o tema ineficiência — problema que, invariavelmente, atinge o Judiciário como um todo.
Diferentemente do que pensam aqueles que pugnam pelo fim da prerrogativa de foro, a solução reside em aprimorar o sistema de Justiça criminal, criando-se as estruturas necessárias para o cumprimento das respectivas competências, como o estabelecimento de varas federais especializadas e vinculadas aos tribunais superiores para o processamento de tais ações penais.
Tudo isso é possível sem que se altere profundamente o modelo previsto na Constituição.
Quando senadores e deputados federais são julgados por ministros do STF, o que se objetiva é assegurar que o julgador não sofra influência no desempenho de sua função jurisdicional. Afinal, sabe-se que determinadas pessoas dotadas de poder tendem a pressionar, ainda que veladamente, os juízes.
Para tanto, elas são capazes de lançar mão dos mais sórdidos expedientes, inclusive o de monitorar a rotina diária de um magistrado e de seus familiares. O próprio juiz federal Marcelo Bretas foi alvo de investidas intimidatórias.
Da mesma forma, seria estranho imaginar que um juiz pudesse julgar, com independência, um desembargador, pois aquele depende do voto deste para inúmeras questões, inclusive para eventual promoção na carreira. Igualmente, como um desembargador poderia julgar, com isenção, uma apelação criminal interposta por um ministro do Superior Tribunal de Justiça junto a um Tribunal Regional Federal, uma vez que o mencionado apelante, em seguida, participará da sessão destinada a escolher, dentre os desembargadores, aquele que integrará o STJ?
Subsiste, ainda, uma questão que precisa ser analisada com precaução. Refiro-me à falta de maturidade apresentada por certas pessoas que exercem cargos de elevada importância no cenário estatal.
Efetivamente, haverá casos em que juízes inexperientes vão se ver diante da incumbência de decidir questões relevantes para o país. Por sorte, os juízes que estão à frente da operação Lava Jato —Sergio Moro e Marcelo Bretas—, além de serem experientes e competentes para o mister, são magistrados com mais de 40 anos de idade e ostentam mais de 15 anos de carreira.
A prevalecer a tese pela extinção da prerrogativa de foro, não haveria impedimento para que julgamentos de autoridades fossem conduzidos por juízes de primeiro grau com pouquíssima experiência, notadamente quando, na condição de substitutos e recém-empossados, precisassem decidir temas de grande repercussão, tendo em vista o titular da vara se encontrar de férias ou de licença médica.
Um julgamento de impacto conduzido por um juiz inexperiente poderia levar a um resultado processual não apenas tecnicamente equivocado mas, especialmente, influenciado pela mídia ou pela opinião pública.
Joaquim Barbosa
O povo não sabe o que pensa Joaquim Barbosa? Talvez seja porque ele não esteja pensando nada mesmo (“Ser ou não ser”, de Ranier Bragon, Opinião, 7/5).
Paulo Afonso da Silva
(Ponte Nova, MG)
A verdade é uma só: Barbosa não desperta nenhuma firmeza de propósitos. Infelizmente o nosso país está carente de estadistas. Ubaldo Souza Jr. (Araguari, MG)
Experiência deveria ser um pré-requisito para todos os candidatos: para ser presidente, antes a pessoa deveria ter sido eleita governador ou prefeito de uma grande capital. Todo presidente de uma grande empresa antes foi diretor, gerente, chefe de seção.
Marcos Fernando Dauner (Joinville, SC)
O que importa para o Brasil não é a cor do presidente, mas, sim, a capacidade de governar (“Presidente negro”, Ilustríssima, 6/5). Joaquim Barbosa tem experiência política? Saberá articular com o Congresso para governar? Acho que os brasileiros novamente estão se esquecendo de que um outsider terá vida curta na Presidência. Nada contra Barbosa, que é um homem íntegro, mas duvido de que consiga formar maioria para implementar seus projetos.
Banco Neon
No que se refere aos pagamentos da garantia de depósitos e investimentos (depósitos à vista, poupança, CDB, LI, LH, LCI, LCA) aos clientes do Banco Neon, o FGC esclarece que tais pagamentos são tipicamente realizados entre 7 e 10 dias úteis após o recebimento da lista de clientes, a ser fornecida pelo liquidante designado pelo Banco Central (“BC liquida banco que era parceiro de novata no setor financeiro”, Mercado, 5/5). Os clientes do Banco Neon devem acompanhar as orientações quanto ao pagamento da garantia, limitada a R$ 250 mil, por meio do site www. fgc.org.br.
André Loes, diretor-executivo do FGC (Fundo Garantidor de Créditos)
Burocracia e preservação
As pessoas que aprovam invasões justificam a opinião dizendo que o imóvel não estava cumprindo a sua função social. Mas os edifícios antigos e fechados da região central de São Paulo estão aos pedaços e não têm como cumprir a sua função social. Se o poder público reformar e entregar um prédio para pessoas de baixíssima renda, elas não conseguirão fazer a manutenção, que é cara e constante para um prédio velho. A solução é complexa (“A casa caiu”, de Marcos Lisboa, Opinião, 6/5).
Maria Elizabete de Oliveira
(São Paulo, SP)