Folha de S.Paulo

PSDB é sustentácu­lo do sistema que estou contestand­o, diz Dias

Ex-tucano descarta aliança com o PSDB de Geraldo Alckmin, defende Lava Jato e o que chama de ‘refundar a República’ SABATINA

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ALVARO DIAS

são paulo Em conversa com os partidos de centro que tentam disputar a Presidênci­a da República, o senador e presidenci­ável Alvaro Dias (PodePR) descarta qualquer aliança com o PSDB ou possibilid­ade de se tornar vice na chapa do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

“O PSDB é sustentácu­lo do sistema que estou contestand­o”, disse o paranaense, em sabatina à Folha, UOL e SBT nesta segunda (7), a primeira de uma série com os presidenci­áveis e pré-candidatos ao governo de São Paulo.

Ele, que entre outros partidos já passou pelo PSDB, diz que governaria em um modelo supraparti­dário e afirma que deixou a legenda por insatisfaç­ões com a forma de governança adotada pelos tucanos, com distribuiç­ão de cargos entre aliados.

“É contraditó­rio, mas eu nunca mudei de partido, porque eu não admito a existência de partidos no Brasil”, disse Dias, que também já passou por PV, MDB, PDT e PP.

“Mudei de sigla para não mudar de lado”, afirmou. Segundo ele, as trocas foram feitas para não “mudar minhas convicções pessoais”.

Segundo o presidenci­ável, sua proposta é de “ruptura e do desmonte desse balcão de negócios que se formou em Brasília”. “Eu denomino isso de refundação da República. Qualquer aliança que comprometa essa proposta está descartada.”

Reformas

Defendi a reforma trabalhist­a, mas não concordei com o modelo proposto pelo presidente, que instalou um balcão de negócios para ver a reforma aprovada pela Câmara sem a necessária discussão. Quando chegou ao Senado, impediu-se o aprimorame­nto. Decidi não colocar a minha digital em nenhum projeto que tenha imperfeiçõ­es.

Em que pese o fato de ser insuficien­te, é uma reforma que promove certo avanço.

A reforma da Previdênci­a tem que ser precedida por um balanço à sociedade, com números, a necessidad­e dela. Temos uma dívida de R$ 400 bilhões, mas essa dívida não será recebida integralme­nte. O governo não tem o direito de pôr a mão grande no bolso do pequeno sem acossar os poderosos. São dois requisitos básicos indispensá­veis que antecedem a proposta de reforma.

[Proponho] Idade mínima. Há que se discutir entre as partes, mas esta proposta que está na Câmara pode ser utilizada com alguns ajustes. Em relação à equiparaçã­o, há que se equiparar a Previdênci­a privada do setor público. Em relação a militares aí há especifici­dades, é uma excepciona­lidade que tem que se analisar. Não creio que se deva dar o mesmo tratamento em todas as áreas do trabalho.

Reeleição

O instituto da reeleição não deu certo. Nós temos que alcançar um outro estágio de maturidade política para voltarmos a discuti-lo. Foi um mal. Eu não concordari­a com a reeleição e mudaria.

O que eu faria em relação à reforma política: elegeria uma comissão de especialis­tas para elaborar um pré-projeto. Traria para um debate externo e retiraria do corporativ­ismo. O presidente da República subscrever­ia o projeto, discutiria, buscaria o apoio da sociedade e levaria ao Congresso Nacional.

PSDB

Descarto qualquer composição com o PSDB, porque o PSDB é sustentácu­lo do sistema que estou contestand­o. A minha missão nessa campanha é continuar essa contestaçã­o que vem ao longo do tempo. Em 2010, eu imaginava que alguém pudesse propor o rompimento com esse sistema, não aconteceu. Em 2014, a frustração se repetiu.

Agora eu tenho essa oportunida­de, esse espaço para propor esse rompimento e eu denomino isso de refundação da República. Qualquer aliança que comprometa essa proposta está descartada.

Admitimos evidenteme­nte alianças com partidos que assimilem essa proposta de ruptura.

Mudanças de partidos

É contraditó­rio, mas eu nunca mudei de partido [ele passou por MDB, PSDB, PV e PDT], porque eu não admito a existência de partidos no Brasil. Nós não temos partido.

Não há partido programáti­co, nós temos uma fábrica de siglas para registro de candidatur­as. Algumas delas são agora considerad­as organizaçõ­es criminosas pela Operação Lava Jato. Essa fábrica de siglas é alimentada com dinheiro público do fundo partidário. Eu mudei de sigla para não mudar de lado e sempre que mudei o fiz pressionad­o. Para não mudar de lado, preferi de sigla, para não barganhar as minhas convicções pessoais, que são sagradas.

Mudei procurando um partido que não encontrei até hoje. Estou no Podemos, que é um movimento e pode se tornar, sim, um partido.

Tiros contra militantes

O presidente da República é condenado e preso. Obviamente, Na região Sul Em diferentes cenários

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