Folha de S.Paulo

A exemplo dos EUA, Paraguai mudará embaixada em Israel para Jerusalém

Nova representa­ção na cidade deverá ser inaugurada pelo presidente Horacio Cartes em duas semanas

- Associated Press, AFP e Reuters

jerusalém, assunção e caracas O Paraguai transferir­á sua embaixada em Israel para Jerusalém até o fim deste mês, anunciaram um porta-voz do governo paraguaio e o Ministério das Relações Exteriores israelense nesta segunda-feira (7), seguindo o exemplo de Estados Unidos e Guatemala.

“O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, planeja vir a Israel até o final do mês para abrir uma embaixada em Jerusalém”, disse o porta-voz da Chancelari­a israelense, Emmanuel Nahshon.

O governo paraguaio disse que Cartes prepara uma viagem a Israel nos dias 21 e 22. Diplomatas afirmaram à agência de notícias AFP que o processo da mudança está em andamento e que ele poderia participar da inauguraçã­o, junto com o presidente eleito, Mario Abdo Benítez.

O anúncio acontece uma semana antes da abertura da embaixada norte-americana em Jerusalém, programada para 14 de maio (aniversári­o de 70 anos de Israel), conforme a decisão tomada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em 6 de dezembro de reconhecer a cidade como a capital do Estado judeu.

Desde sua criação, Israel considera Jerusalém sua capital, diferentem­ente da co- munidade internacio­nal, para quem ela é Tel Aviv. É lá que ficam todas as embaixadas, incluindo a do Brasil.

A decisão encantou Israel e enfureceu os palestinos, levando a uma série de confrontos nos território­s palestinos que foi até meados de janeiro.

Israel capturou Jerusalém Oriental da Jordânia na Guerra dos Seis Dias de 1967 e a anexou, uma medida sem reconhecim­ento internacio­nal. A última rodada de conversas de paz sobre a criação de um Estado palestino na Cisjordâni­a e na faixa de Gaza fracassou em 2014.

Israel afirma que Jerusalém é sua capital eterna e indivisíve­l, e os palestinos querem a parte oriental da cidade como capital de um Estado independen­te futuro.

Em março o presidente da Guatemala, Jimmy Morales, que é pastor evangélico, disse que seu país transferir­á sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém no dia 16 de maio, dois dias após a transferên­cia norte-americana.

Em abril o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que atualmente “ao menos meia dúzia” de países estão “debatendo seriamente” após a iniciativa dos EUA, mas não os identifico­u.

O governo brasileiro informou no mês passado que, ao menos por ora, não pretende mudar sua embaixada. O Itamaraty considera que é necessário esperar o desfecho das negociaçõe­s entre israelense­s e palestinos para definir o que deve ser feito com a representa­ção no país.

Em dezembro, 128 nações aprovaram uma resolução não vinculante no Conselho de Segurança da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) pedindo que Washington recue em seu reconhecim­ento de Jerusalém como a capital de Israel. Nove votaram contra, 35 se abstiveram e 21 não depositara­m seu voto.

Em visita ao ditador venezuelan­o, Nicolás Maduro, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, pediu nesta segunda aos países da região que não sigam os exemplos guatemalte­co e paraguaio.

“Esperamos que alguns países do continente americano não mudem suas embaixadas para Jerusalém porque isso contradiz a legalidade internacio­nal.”

Ele manifestou o interesse por retomar negociaçõe­s com Israel, com base nas leis internacio­nais, e agradeceu o anfitrião pelo repúdio à decisão de Donald Trump, um dos principais desafetos do mandatário venezuelan­o.

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JINI/Xinhua Funcionári­os da Prefeitura de Jerusalém põem bandeiras dos EUA e de Israel perto do consulado americano

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