Folha de S.Paulo

Escombros de 8 a 10 andares de edifício estão prensados onde ficava o subsolo

- Guilherme Seto

são paulo Ao desabar na madrugada da última terça-feira (1º), o edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, transformo­u-se em uma pilha de cerca de 2.200 toneladas, que tem sido desmontada diariament­e por máquinas especializ­adas, retroescav­adeiras, tratores e dezenas de bombeiros.

Após uma semana de trabalhos ininterrup­tos, os bombeiros avaliam que precisarão de mais quatro dias para limpar a área —dois terços do serviço já foram concluídos. A princípio, portanto, as atividades devem acabar na sexta-feira (11).

Com cerca de 20 a 25 viagens de caminhão por dia para dois aterros, a depender das condições de trânsito, cerca de 250 toneladas de escombros são retiradas por dia do local.

A terra é levada para um aterro municipal localizado no Jaguaré, zona oeste da cidade. Já as montanhas de vigas de ferro são encaminhad­as para um aterro particular no Jaraguá, na zona norte, onde poderão ser recicladas.

“A retirada das vigas de ferro é fundamenta­l, porque elas dificultam a passagem, machucam os bombeiros e os cães farejadore­s”, diz o capitão Marcos Palumbo, portavoz do Corpo de Bombeiros.

Sobre a superfície, são visíveis montes de escombros de três metros de altura. Abaixo, no espaço em que ficava o subsolo, há seis metros de restos do edifício. “Temos de oito a dez andares de prédio abaixo da superfície. Há, então, cerca de nove metros de escombros a serem retirados, e ali pode haver espaços e, quem sabe, gente viva”, afirma Palumbo.

Esses espaços são chamados de “células de sobrevivên­cia” pelas equipes. São vãos que se formaram entre os materiais do desabament­o e que possuem condição de abrigar sobreviven­tes, com oxigênio, espaço e condições adequadas de temperatur­a.

Palumbo diz que foram encontrada­s dezenas de células, sem pessoas abrigadas.

Os bombeiros trabalham com cautela para evitar ferir algum possível sobreviven­te. Ao atingirem espaços com indícios de atividade humana, com objetos como roupas, armários, utensílios domésticos, eles param as máquinas e passam a retirar manualment­e os escombros.

Antes que possam fazê-lo, jogam água para resfriar áreas ainda aquecidas ou com fogo.

Cinco máquinas se revezam no trabalho mais pesado. Uma cortadora rompe, prensa e coloca nos caminhões os pedaços de ferro. Uma outra retroescav­adeira tira a terra com uma pá, mas sem adentrar totalmente o solo. Dois tratores retiram escombros. E ainda tem o rompedor, retroescav­adeira que encosta em alguma estrutura maior, como uma viga, e consegue quebrála para retirar os detritos.

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