Folha de S.Paulo

Pesquisado­r do Impa, foi referência na matemática

- -Flávia Faria coluna.obituario@grupofolha.com.br MARGARIDA DE ASSIS MONTEIRO

MANFREDO PERDIGÃO DO CARMO (1928-2018) são paulo Manfredo Perdigão do Carmo era um garoto em Maceió quando tirou nota baixa na prova de inglês. O francês já dominava, mas ainda faltava entender a língua in-

glesa. Ouviu falar de um certo professor, o melhor da cidade, mas as lições eram caras.

Tratou de conseguir o livro usado pelo mestre. Sempre que havia aula, se postava do lado de fora da casa do docente, na surdina, ouvindo pela varanda o que era ensinado. E assim aprendeu inglês.

Não é pelo talento para línguas, porém, que Manfredo ganhou notoriedad­e. Pesquisado­r emérito do Impa (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada), ele é um dos maiores responsáve­is pela consolidaç­ão da geometria diferencia­l como área de pesquisa no Brasil.

Manfredo chegou ao Impa em 1959, quando o instituto ainda dava seus primei- ros passos, trazido por um amigo de infância. Engenheiro de formação, ele começou ali, como estagiário, a carreira de matemático.

Anos depois, já submerso na área, foi fazer doutorado nos Estados Unidos, na Universida­de da Califórnia. Foi orientado pelo chinês Shiing-Shen Chern, uma das maiores referência­s em geometria diferencia­l do mundo.

De volta ao Brasil, retornou ao Impa, onde, além da ativi- dade de pesquisa, foi professor. Tinha fama de hipnotizar os alunos, e suas aulas, assim como os livros que publicou, tratavam de forma simples e didática assuntos deveras complexos e abstratos.

Morreu no dia 30 de abril, no Rio de Janeiro, aos 89 anos, em decorrênci­a de uma parada cardíaca. Deixa a mulher, Leny, com quem passou 52 anos de sua vida. Também ficam os filhos, Manfredo Júnior e Claudia, e o neto, João. Aos 61, viúva. Cemitério Jardim Do Pêssego - rua Iosusuke Okaue ,911, Itaquera

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