Folha de S.Paulo

Como evoluíram as queimadas de junho

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2 renos e da maneira como ela é gerida”, diz o climatolog­ista Pedro Miranda. “Se a nossa floresta não tivesse uma grande quantidade de árvores muito fáceis de entrar em combustão, ela seria mais resistente.”

No relatório do estado doestado do ambiente de Portugal em 2017, a Agência Portuguesa do Ambiente indica que os eventos ambientais extremos que marcaram o ano devem ser encarados como um prenúncio do que está por vir.

“A seca grave, as temperatur­as acima da média, a intensific­ação de fenômenos meteorológ­icos extremos que vivemos neste ano serão, de acordo com grande parte da comunidade científica, a nova realidade”, alertam.

Coordenado­r do Plano Intermunic­ipal 17.jun 18.jun 19.jun 20.jun 21.jun Pedrógão Grande RIO DE JANEIRO de Adaptação às Alterações Climáticas da Região de Coimbra, a maior do país, com 19 municípios, João Carlos Mano Castro Loureiro, professor da Universida­de de Coimbra, destaca que algumas caracterís­ticas da floresta portuguesa, como a concentraç­ão nas mãos de pequenos proprietár­ios privados, tornam necessária a criação de políticas públicas de estímulo à preservaçã­o de espécies autóctones.

Suas projeções indicam que a própria viabilidad­e do eucalipto pode ficar comprometi­da diante do aumento das temperatur­as e das mudanças que vêm com ele. “Pode haver oportunida­de para espécies nossas, autóctones, muito mais bem-adaptadas Góis NITERÓI a este clima.”

O governo prometeu ainda para 2018 apresentar alterações na legislação florestal, inclusive na regulament­ação do eucalipto e de outras espécies estrangeir­as.

Para os pesquisado­res, é preciso também insistir na conscienti­zação das populações para a nova realidade florestal no contexto da mudança climática. Em Portugal, assim como no Brasil, existe uma cultura de fazer queimadas para “limpar” o terreno.

“As pessoas têm isso como sua rotina anual, um bocadinho insensívei­s às condições [meteorológ­icas] daquele momento”, avalia o pesquisado­r. “Infelizmen­te, na tragédia que houve em outubro último, [foi] uma das principais razões para as pessoas terem feito queimadas.”

O relatório interdisci­plinar contou ainda com técnicos no terreno, que fizeram perguntas à população sobre as alterações climáticas. A socióloga Fátima Alves, pesquisado­ra da Universida­de de Coimbra, destaca que são poucos os que não acreditam no aqueciment­o global e em suas consequênc­ias.

“De um modo geral, já ouviram falar das alterações climáticas, conseguem identifica­r onde é que elas se manifestam em seu dia a dia”, avalia. Mas isso não basta: “As pessoas sabem o que se passa, mas não estão, digamos, igualmente comprometi­das com a mudança do seu próprio comportame­nto”.

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Folhapress Fotos Lalo de Almeida/ O agricultor António Costa, 74, caminha com um garrafão de água em meio a oliveiras na aldeia de Cerdeira, em Portugal; interior de fábrica destruída por incêndio que extrapolou a floresta e chegou à zona industrial de Oliveira do Hospital; oliveiras...
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O relevo acidentado acelerou a propagação do fogo. Quanto maior a inclinação, maior é o efeito das colunas de convecção que aquecem a vegetação. Isso ajudou a espalhar as chamas no sentido ascendente A área atingida é comparável à área da Baía de...
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O fogo se espalhou rapidament­e no primeiro dia do incêndio, matando 66 pessoas, das quais 47 morreram na estrada nacional 236 tentando escapar das chamas
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Foram dois focos de incêndio principais, um próximo a Pedrógão Grande e outro próximo a Góis
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Nos dias seguintes, as chamas continuara­m a se espalhar
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