Folha de S.Paulo

General Mourão filia-se ao PRTB e pode ser candidato a presidente pelo partido

- -Kelly Mantovani

são paulo O general da reserva Antonio Hamilton Mourão filiou-se ao PRTB (Partido Renovador Trabalhist­a Brasileiro) e pode ser candidato da legenda ao Palácio do Planalto.

A sigla tem como tradiciona­l postulante à Presidênci­a da República Levy Fidélix, que ficou conhecido pela defesa de um aerotrem como principal bandeira. Recentemen­te, Fidélix tem tentado mudar a sua imagem, chegando a produzir peças de campanha em que é chamado de “bigodão”.

Ele já disse, no entanto, que poderá abrir mão da candidatur­a para dar espaço ao general. “O Brasil só tem uma solução: general Mourão, presidente urgente!”, afirmou Fidélix em uma rede social em setembro de 2017.

Mourão filiou-se no início de abril ao partido, poucos dias antes do prazo legal para a disputa da eleição, mas o fato só foi divulgado agora.

Procurados, Fidélix e o general não se manifestar­am sobre quem será candidato no pleito de outubro. A Folha apurou com a direção do partido que a possibilid­ade de Mourão ser escolhido está ganhando força.

Nesse caso, ele provavelme­nte dividirá com deputado federal e presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) uma parte do eleitorado mais conservado­r, e que prioriza temas ligados à segurança pública.

Bolsonaro, que é ex-capitão do Exército, tem boa relação com o general Mourão. A aliança entre os dois não está descartada, o que poderia levar a uma situação inusitada: um general do Exército como candidato a vice na chapa de alguém de patente mais baixa, de capitão.

Uma eventual candidatur­a também enfrentari­a dificuldad­es de ordem prática, como pouco tempo de TV, falta de dinheiro e inexistênc­ia de palanques competitiv­os nos estados. O PRTB elegeu apenas um deputado e deve ter no máximo 10 segundos de tempo na propaganda eleitoral a partir de 31 de agosto. Atualmente, não tem nenhum parlamenta­r no Congresso Nacional.

Desde os protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2015, que levariam a seu impeachmen­t, Mourão se tornou popular entre grupos de direita e extrema direita —a ponto de bonecos infláveis gigantes dele terem sido exibidos em manifestaç­ões.

Antes de passar à reserva no início deste ano, Mourão envolveu-se em polêmicas no Exército. Ele fez duas declaraçõe­s sobre intervençã­o militar, dizendo ser possível a atuação das Forças Armadas caso haja uma situação de “caos” no país.

À época, o general perdeu o posto de secretário de Economia e Finanças e foi designado para o cargo de adido na Secretaria-Geral do Exército.

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Pedro Ladeira - 28.fev.18/Folhapress O general Antonio Mourão ao passar para a reserva em fevereiro

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